Semelhanças entre Grécia e Brasil na busca do AM digital
- Ricardo Gurgel
- 24 de abr.
- 2 min de leitura
Atualizado: 3 de mai.
Vou precisar falar da Grécia por ser um exemplo de diferença em relação ao nosso país, mas que pode chegar à mesma solução — apesar de suas condições específicas — mesmo estando em um continente dominado pelo sistema digital DAB.
Meu nome é Ricardo Gurgel, sou engenheiro e estou em uma série de análises dos sistemas digitais que podem ser a nossa opção local. Para isso, tenho observado o que tem acontecido em outros países, acompanhando avanços e recuos e buscando me aproximar de respostas autênticas para muitas questões do debate.
Em uma situação também estagnada no DAB, mas com a faixa AM praticamente zerada, assim como no Brasil, esse país europeu pode tender ao padrão DRM, e não ao super-europeu DAB. Existem, sim, grandes diferenças em termos de território, contexto econômico e, principalmente, culturais entre Brasil e Grécia. Mas, assim como aqui, a faixa AM grega foi esvaziada — ainda mais após crises econômicas severas. Esse esvaziamento favorece padrões digitais preparados para operação em AM. Por isso, essa característica pode gerar uma inclinação grega para considerar o DRM como uma opção viável.
O que temos de diferencial é que, sendo o Brasil um país continental, com esvaziamento concreto da faixa AM, a Grécia convive com emissoras em AM de países vizinhos. A administração da faixa AM, nesse caso, não depende apenas da vontade de um único país. Em uma situação como essa, é necessária uma formatação que evite interferências com seus vizinhos. Esse tipo de transtorno deve ser levado a sério — comunicação sempre foi um assunto de relevância para a segurança nacional. Ela educa, influencia e conduz decisões; e nenhum país quer interferência em suas bases comunicacionais provocadas por outro.
Essa é, portanto, uma questão de atenção, mas não exclui a Grécia da possibilidade de ter emissoras de diferentes níveis de penetração. A distribuição de horários de operação com variação de potência é uma opção: emissoras com maior alcance poderiam operar sob licenças especiais, enquanto emissoras locais teriam ajustes de potência — especialmente com redução noturna.
Ajuste de potência por turno
O fato de grande parte da faixa AM estar vaga permite uma nova ocupação digital do dial grego. Mesmo que países vizinhos ainda tenham diversas rádios operando em AM analógico, existem ajustes técnicos relativamente simples que permitiriam aos gregos adotar um sistema digital em AM.
Entre esses ajustes, destaca-se a adoção de variações de potência por turno. Para muitas estações, isso implicaria uma redução da potência durante a noite — mas, na medida do possível, sem perda de alcance, aproveitando as características da propagação noturna. Esse cuidado exigiria um manejo técnico apurado, com licenças que determinariam, por estação, tabelas de redução e retomada de potência por época do ano e por hora do dia.
Sim, o sistema é outro. Mas permanece a incrível capacidade de ganho de distância da banda AM durante a noite, o que torna ainda mais interessante a retomada dessa forma primordial de comunicação.
Comments