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Jovem Pan x CBN: a discrepância gritante de audiência

Atualizado: 18 de set.

Não adianta apresentar números de pesquisas de rádio que tratam de situações que sempre questionamos. Não coloco em dúvida a índole das pesquisas, mas sim sua eficácia. Não é de hoje que se pergunta em entrevistas: “Que rádio você ouve? Em qual horário? Em que dias da semana? Qual a cor da meia do seu locutor?”. Claro, as questões são baseadas em estudos e, muitas vezes, bem formuladas. Mas não há como negar que o método está sujeito a inúmeros fatores de distorção, muitos deles involuntários por parte dos entrevistados. Pessoalmente, não considero esse tipo de dado muito confiável; é uma visão particular minha.

Existem, porém, formas periféricas de medir audiência que oferecem muito mais precisão quantitativa. Os painéis de streaming são um exemplo claro. Não se trata sequer de pesquisa: é medição em tempo real da audiência instantânea. Não há dúvidas se havia “cerca de 10 mil ou 50 mil pessoas” às 10h53 de uma quarta-feira. O que temos é dado exato: “18.578 IPs estavam conectados ao programa às 10h53, e às 10h59 já eram 19.051”. Isso é um termômetro direto, e não uma estimativa vaga sem instrumentos de aferição. Nos streamings de áudio e vídeo, como no YouTube, os números são verdades cruas.

Mesmo sem ter comparativos oficiais entre rádios de alcance nacional como Jovem Pan e CBN, basta observar o YouTube: se uma tem 100 vezes mais audiência que a outra ali, é difícil acreditar que no rádio essa relação se inverta, a ponto de a CBN superar a Jovem Pan. Mais ainda: faz sentido imaginar que uma diferença de 100 vezes no YouTube se traduza em apenas 10% ou 20% a mais de ouvintes no rádio? Ou pior: que pesquisas apontem a CBN à frente? É no mínimo motivo para levantar a sobrancelha.

Com todas as ponderações, descontos e “ses”, não há coeficiente de redução que me faça acreditar que a CBN chegue sequer perto da Jovem Pan, pelo menos no recorte dos jornais entre meio-dia e duas da tarde. A diferença é de praticamente 100 vezes em audiência. Esse fenômeno reflete a mesma lógica de público que acompanha redes como a Mitre, em Buenos Aires, ou a Fox News, nos Estados Unidos. Tenho muitas reservas quanto à Fox: o fator “paixão” muitas vezes pesa demais, o que a torna um modelo que não adotaria. Mas é inegável que, no caso da Rádio Mitre, existe um equilíbrio mais consistente: ela se alinha ao perfil liberal do público, mas sem ocultar falhas ou transformar políticos em deuses.


Um choque de realidade

Placar 18/09 13h05: JP(79.426) x CBN(835)

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A diferença entre pesquisa declaratória (baseada em entrevistas, sujeita a distorções) e métrica direta de audiência (streamings e YouTube, que são registros objetivos e sem viés de resposta). Esse contraste é brutal e revelador.


Como já expliquei em outras ocasiões, o rádio de debates, esportes e notícias conta com emissoras que operam em um paradoxo: oferecem justamente o que o público busca, debates, esportes e notícias mas muitas vezes sob uma ótica distante desse mesmo público. O pensamento predominante entre profissionais formados em jornalismo, atravessado por referências marxistas, é tratado como se fosse uma grande qualidade. Seria mais honesto reconhecer que hipóteses inaplicáveis não podem ser chamadas de teorias, sobretudo porque as supostas “virtudes sociais” nunca se materializaram na vida de seus “virtuosos” formuladores.

O resultado é um descompasso: de um lado, há um público que ama números, notícias e esportes; de outro, esse mesmo público é, em sua maioria, favorável à redução do peso dos impostos de baixo retorno e à diminuição do sufocamento burocrático imposto pelo Estado, justamente o Estado tão enaltecido pela maioria dos jornalistas. Não é segredo que as emissoras que optam por uma linha pró-mercado acabam liderando a audiência, enquanto as demais ficam com resultados pífios. Isso ocorre por falta de investigação mínima e pela incapacidade de perceber que, na prática, afastam o público que deveriam cativar. O mais irônico é que esse público, alinhado ao pensamento hegemônico do jornalismo, em vez de acompanhar rádios noticiosas, prefere programas de variedades, música ou, em muitos casos, simplesmente não gosta de rádio.


Sobrevivendo

Infelizmente, a natureza libertadora de não estar acorrentado por políticos e pelo Estado, princípio pregado pelos agentes pró-mercado, é frequentemente demonizada em muitos cursos acadêmicos. Nessas formações, não raramente, também se demonizam as ciências exatas, de maneira velada ou até explícita. O pensamento hegemônico de combate ao capitalismo e o encantamento por teorias comunistas estão presentes na formação da maioria desses profissionais.

Grande parte deles não desenvolve apreço pelos números e acaba seduzida por discursos poéticos vindos de Cuba ou da Venezuela. Mas esse tipo de sedução não é uma armadilha que engane a maioria dos pequenos comerciantes, dos microempreendedores, nem da imensa massa que enfrenta batalhas injustas e ainda precisa engolir a seco, pela TV, o governo subsidiando grandes empresas enquanto aperta a carga de impostos sobre o seu pequeno negócio. Ao mesmo tempo, aumenta sem freio os supersalários de setores estatais, estoura o caixa público e depois faz cara de choro para justificar novos aumentos de tributos e “negociar politicamente” a aprovação de projetos que, em muitos casos, têm justamente como objetivo arrecadar ainda mais.

Ainda assim, muitos repórteres continuam torcendo pelo aumento do Estado, pela multiplicação de empregos públicos, pela estabilidade garantida independentemente da qualidade, por políticas de assistencialismo a qualquer custo e, em última instância, pela retirada do oxigênio do empreendedor.

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