Visitar o Monte Everest de helicóptero: mito ou realidade?
- Ricardo Gurgel

- há 2 dias
- 2 min de leitura
Voar de helicóptero a partir de Lukla (o famoso aeroporto Tenzing-Hillary) é uma experiência impressionante e uma alternativa segura para quem deseja ver o Everest de perto sem enfrentar a escalada. Porém, a região do Himalaia apresenta desafios únicos que tornam esse voo um dos mais técnicos do mundo.
A seguir estão os principais desafios, explicados de forma completa:
1) Altitude extrema e desempenho reduzido da aeronave
A região de Lukla já está a 2.860 metros de altitude. Helicópteros, assim como aviões, têm desempenho reduzido em ar rarefeito:
O rotor gera menos sustentação.
Os motores têm menos potência disponível.
A margem de segurança diminui conforme o helicóptero sobe.
Para chegar próximo ao Campo Base (5.364 m) ou realizar um sobrevoo do Everest (voando entre 6.000 e 7.000 m, nunca até o topo), o piloto precisa calcular com precisão:
peso total
combustível
temperatura do ar
vento e turbulência
Por isso, às vezes o piloto recusa passageiros ou reduz a carga para garantir segurança.
2) Clima imprevisível e mudanças bruscas
O Himalaia tem um dos climas mais instáveis do mundo. De helicóptero, os desafios são:
Neblina súbita que reduz visibilidade a zero.
Nuvens baixas que se formam em minutos.
Ventos fortes e rajadas de vale.
Turbulência severa em correntes ascendentes e descendentes.
Possibilidade de whiteout, quando tudo fica branco e sem referência visual.
Muitas expedições precisam aguardar horas ou até dias para um “weather window” (janela climática).Cancelamentos são muito comuns.
3) Topografia extrema e pouco espaço para manobras
Voar no Himalaia é voar por vales estreitos, com rochas, encostas e picos ao redor.
O helicóptero deve:
subir e descer seguindo o curso dos vales,
evitar encostas onde ocorrem ondas orográficas,
executar curvas muito cuidadosas, pois não há espaço para erros.
Além disso, a orientação visual é difícil porque tudo é branco, cinza ou coberto de neve – o que causa confusão de profundidade.
4) Lukla é um dos aeroportos mais desafiadores da Terra
Mesmo partindo da área de helicópteros, o local tem desafios próprios:
Ventos cruzados imprevisíveis.
Turbulência de montanha constante.
Grande movimento de aviões pequenos (DHC-6 Twin Otter, Dornier 228) e helicópteros.
Uma área de pouso curta.
Lukla é famosa justamente porque exige pilotos altamente treinados.
5) Risco aumentado de mal-estar por altitude
Mesmo sem escalada, só o fato de subir de helicóptero rapidamente de 2.860 m para 5.000–6.000 m pode causar:
dor de cabeça
náuseas
tontura
leve hipoxia
O corpo não tem tempo de se aclimatar. Por isso, as operadoras costumam limitar o tempo de permanência em altitudes muito altas e fornecem garrafas de oxigênio portátil.
6) Janelas de voo curtas
Por causa do clima e da luz solar, os voos normalmente acontecem:
entre 6h e 11h da manhã,
quando o ar é mais estável
e antes da formação de nuvens densas que costumam surgir à tarde.
Isso limita o número de voos por dia e aumenta a chance de cancelamento.
7) Restrição de pousos próximos ao Everest
Quase todos os voos são apenas sobrevoos.Pousos são permitidos apenas em locais específicos (como Kala Patthar em dias perfeitos), e dependem de:
clima
vento
peso
decisão do piloto
O piloto pode recusar pousar mesmo quando tudo parece favorável, se considerar inseguro.













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