DRM, DAB ou HDRADIO qual padrão escolher? Comparando sistemas de rádio digital para o Brasil
- Ricardo Gurgel
- 26 de abr.
- 5 min de leitura
Atualizado: 3 de mai.
Os grandes sistemas de rádio digital no mundo são o DAB, o HD Radio e o DRM. Existem experiências em diversas partes do planeta buscando escolher um deles, ou até mesmo composições entre padrões, divididos por faixa de frequência. A escolha de um padrão impacta toda uma indústria que movimenta bilhões de dólares, sendo uma disputa acirrada entre grandes players nos principais mercados.
O que está em jogo?
Já imaginou ouvir, no alcance do rádio, emissoras com áudio pristino, excelência sonora para os ouvidos, informações visuais na tela, alertas e tantos outros serviços integrados à transmissão digital? O áudio digital é muito superior — algo viciante e necessário para equipar as rádios que hoje já concorrem com fontes digitais na internet.
Vamos aos comparativos.
Padrão | DRM (Digital Radio Mondiale) |
Banda de Operação | AM, VHF (FM), banda acima de 30 MHz |
Padrão | HD Radio |
Banda de Operação | AM e FM |
Padrão | DAB (Digital Audio Broadcasting) |
Banda de Operação | Principalmente banda III (VHF) e L |
Sobre as bandas de operação, o padrão DRM é o mais abrangente, sendo o único que contempla também as ondas curtas.
Padrão | DRM (Digital Radio Mondiale) |
Tipo de Transmissão | Digital ou híbrida |
Padrão | HD Radio |
Tipo de Transmissão | Digital ou híbrida |
Padrão | DAB (Digital Audio Broadcasting) |
Tipo de Transmissão | Apenas digital |
Alerta: Pode parecer vantagem manter uma transmissão híbrida (analógica + digital no mesmo canal), mas historicamente, quanto mais se favorece o consumo analógico, mais surgem problemas: maior interferência, maior complexidade técnica e maiores custos. Isso, na prática, leva a uma adoção mais lenta.
Não tenho dúvidas de que a melhor estratégia para uma emissora é realizar a transição com uma transmissão analógica em uma frequência e uma transmissão digital em outra frequência, sem limitações de potência e taxa de bits.
Padrão | DRM (Digital Radio Mondiale) |
Taxa de Dados | 4,5 a 186 kbps (depende da banda e modo) |
Eficiência Espectral | Alta (ajustável conforme largura de banda) |
Padrão | HD Radio |
Taxa de Dados | Até ~150 kbps no FM |
Eficiência Espectral | Média (depende do canal analógico) |
Padrão | DAB (Digital Audio Broadcasting) |
Taxa de Dados | ~64 a 256 kbps (por serviço/programa) |
Eficiência Espectral | Alta (multiplexação de vários canais) |
Taxa de dados significa, de maneira simples, a qualidade potencial da transmissão: quanto maior a taxa, melhor a qualidade de áudio e mais serviços podem ser integrados.
O DAB se destaca pela altíssima qualidade de áudio e pelo melhor aproveitamento da faixa de frequência, permitindo mais emissoras, mais programas simultâneos e grande flexibilidade.
O DRM é excelente para cobrir faixas carentes, como as ondas curtas e o AM.
O DAB também se mostra ideal para o "caos de sinal" em grandes cidades, onde há grande competitividade entre emissoras e altíssima demanda por qualidade de áudio.
Padrão | DRM (Digital Radio Mondiale) |
Cobertura | Melhor que AM/FM analógico, mas variável |
Padrão | HD Radio |
Cobertura | Semelhante ao analógico |
Padrão | DAB (Digital Audio Broadcasting) |
Cobertura | Excelente para áreas urbanas e suburbanas |
Não vejo obstáculos para a adoção do DRM (Digital Radio Mondiale) como solução para atender diversas faixas de ondas curtas, assim como o AM, que carecem de modernização. Da mesma forma, o formato DAB (Digital Audio Broadcasting) é ideal para grandes cidades, onde há caos de sinais devido à alta demanda por emissoras e à competição por melhor qualidade de áudio. Tenho ressalvas quanto ao HD Radio, especialmente por sua natureza híbrida, que enfrenta desafios de interferência entre sinais ao compartilhar o mesmo canal. Por isso, defendo que tanto o HD Radio quanto o DRM, se aplicados ao AM, operem exclusivamente em modo totalmente digital.

Padrão | DRM (Digital Radio Mondiale) |
Multiprogramação | Flexível (1 a vários programas) |
Padrão | HD Radio |
Multiprogramação | Limitada (2–4 streams) |
Padrão | DAB (Digital Audio Broadcasting) |
Multiprogramação | Alta (vários programas por multiplex) |
Imagine um aumento significativo no número de emissoras com DAB, ou uma única emissora transmitindo múltiplas programações simultâneas e distintas. Esse é um grande diferencial do DAB. O DRM também oferece certa flexibilidade nesse aspecto, enquanto o HD Radio permite multiprogramação, mas é o sistema mais limitado entre os três.
Padrão | DRM (Digital Radio Mondiale) |
Popularidade Global | Índia, partes da Europa, Rússia |
Padrão | HD Radio |
Popularidade Global | EUA e México |
Padrão | DAB (Digital Audio Broadcasting) |
Popularidade Global | Europa (Reino Unido, Noruega, Suíça) |
Sobre a qualidade de áudio:
DRM (até 186kbps) e DAB+ (até 256kbps) têm melhor qualidade que HD Radio.
DAB+ (a versão mais recente do DAB) consegue transmitir áudio em HE-AAC v2, que permite alta qualidade (próxima ou superior a CD) com taxas de bits menores (~64-128 kbps por canal).
DRM também entrega áudio de altíssima qualidade (até qualidade de CD) e é muito flexível, podendo ser configurado para mais qualidade ou mais cobertura, conforme a necessidade.
HD Radio tem boa qualidade no FM (semelhante a um CD, mas compressão perceptível em alguns casos) e no AM melhora bastante (fica similar ao FM analógico), mas ainda usa um esquema híbrido que limita o potencial máximo.
O rádio digital vem para reduzir falhas de sinal e melhorar a recepção nas cidades
O EFEITO MULTIPATH : Em uma FM analógica (nosso atual sistema), o efeito pode resultar em DISTORÇÕES no som, como CHIADOS, estalos, ou até PERDA MOMENTÂNEA DO SINAL, especialmente EM ÁREA URBANAS DENSAS ou regiões montanhosas. |
É um fenômeno de interferência causado pela recepção de um sinal de rádio por múltiplos caminhos. Isso ocorre quando o sinal transmitido por uma emissora chega ao receptor (como um rádio) por trajetórias diferentes, devido a reflexões em obstáculos como prédios, montanhas, árvores ou outras superfícies.
Como funciona:
Caminhos múltiplos: O sinal de rádio pode viajar diretamente da antena transmissora ao receptor (caminho direto) ou ser refletido por superfícies, criando caminhos indiretos.
Atraso e fase: Os sinais refletidos chegam ao receptor com pequenos atrasos e podem estar fora de fase em relação ao sinal direto. Isso causa interferência, pois os sinais podem se somar (interferência construtiva) ou se cancelar (interferência destrutiva).
O DAB pensou numa solução
No DAB (Digital Audio Broadcasting), o efeito multipath não só não atrapalha tanto, como ele foi previsto no projeto do sistema. Na verdade, o DAB foi desenvolvido justamente para funcionar muito bem em ambientes com multipath, como centros urbanos cheios de prédios, montanhas, túneis, etc.
Explicando de forma simples:
O DAB usa uma técnica chamada OFDM (Orthogonal Frequency Division Multiplexing), que divide o sinal em várias portadoras pequenas e espalhadas.
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No DAB, em resumo, o efeito multipath não atrapalha, ele é tolerado e até aproveitado para melhorar a recepção. Por isso, o DAB é considerado ideal para áreas urbanas densas.
O DRM também
O DRM foi projetado com tecnologias que minimizam as desvantagens do efeito multipath, como a modulação COFDM, intervalos de guarda e codificação robusta. Essas características o tornam uma solução muito mais eficaz que o FM analógico em ambientes propensos a reflexões, como áreas urbanas ou regiões montanhosas.
Já o HDRadio...
O HD Radio possui proteção contra o efeito multipath por meio de COFDM, intervalos de guarda e codificação de erro, mas sua eficácia é limitada, especialmente no modo híbrido, devido à interferência entre sinais analógico e digital e à menor flexibilidade em comparação com sistemas como o DRM. Em ambientes com multipath intenso, o HD Radio pode apresentar mais dificuldades, e sua performance depende muito da qualidade do receptor e da configuração da transmissão.
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