Atualização 27-07-2025: Correio da Serra corrige falhas de 10 anos e agora é ouvida até perto de Natal
- Ricardo Gurgel
- 5 de jul.
- 6 min de leitura
Atualizado: 27 de jul.
Atualização – 27/07/2025
O trecho mostrado na ilustração representa uma recepção de boa qualidade da rádio Correio da Serra, com sinal praticamente sem falhas em mais de 95% do percurso. A única perda significativa de cobertura ocorreu na travessia da comunidade de Pitanga da Estrada. Vale destacar que a emissora também apresentou boa captação na região de Maranguape.
Saindo de São José de Mipibu em direção a João Pessoa, o sinal da Correio da Serra (100,3 MHz – Solânea) começou a ser captado, com boa e estável qualidade, a cerca de 7 quilômetros do ponto de partida e se manteve praticamente estável até aproximadamente 40 quilômetros antes de chegar ao centro de João Pessoa, em torno de 30 quilômetros da zona urbanizada da Grande João Pessoa. Foram, ao todo, cerca de 113 quilômetros com recepção bastante satisfatória.

A Correio da Serra FM enfrentava, desde sua inauguração, um problema crônico: a dificuldade de ser captada com qualidade na cidade vizinha de Bananeiras, a apenas 4 quilômetros de distância. Desde o início, havia um claro sinal de que algo no sistema irradiador não estava correto. Ainda assim, o incômodo.
Desde que a emissora entrou no ar, eu já comentava o meu estranhamento: a cobertura estava muito abaixo do que se poderia esperar, completamente fora das previsões iniciais. Mesmo sem qualquer vínculo com a emissora, minha percepção era solitária
É nesse ponto que se destaca o papel que uma consultoria externa poderia ter exercido. Com diagnósticos precisos. Não foi o que aconteceu. A solução, embora eficiente, veio por outros caminhos, veio na prática de uma refundação por esforço interno.
Sinais de que havia algo errado
Torre com menos de 20 metros
A Correio da Serra operava com uma das torres mais baixas da região, menor, inclusive, do que muitas rádios comunitárias. Ainda que instalada em região de altitude elevada, a baixa estatura da torre e obstáculos construtivos ao redor comprometiam seriamente a eficiência da irradiação, mesmo que prevista em projeto, esta situação de torre "contratava" problemas.
Cobertura extremamente limitada
O sinal já apresentava dificuldades de recepção após apenas 4 km, inclusive em Bananeiras, município vizinho. Em comparação com outras FMs de altitude semelhante, a Correio da Serra era, de longe, a de menor alcance, mesmo relativizando sua potência.
O mérito de quem se incomoda
Funcionários comprometidos e inconformados com o baixo desempenho da rádio começaram a discutir alternativas. A direção, alertada pelos próprios colaboradores, iniciou um projeto de mudança da torre para uma colina nos arredores, aliando essa decisão a um aumento de potência. A rádio atingia menos de 20% do público potencial, audiência restrita à cidade-sede.
Uma nova abordagem técnica
Hoje a equipe pode contar com instrumentos de precisão e cada elemento do sistema irradiador (transmissor, cabos, antenas) pode ser testado e calibrado com rigor.
Novos parâmetros adotados:
Permissão nova com potência aumentada: de 250 watts para 1.000 watts (1 kW). Embora o alcance não aumente proporcionalmente à potência, o ganho foi significativo.
Torre ampliada: de menos de 20 metros para mais de 40 metros, um salto crucial, já que altura é fator determinante na propagação do sinal FM.
Captação da Correio da Serra em São José de Mipibu/RN, distante 88 quilômetros em linha direta até o transmissor 07/07/2025 21:19
Uma nova realidade de cobertura
A Correio da Serra, agora em nova torre, opera com 1 kW a partir de uma colina a aproximadamente 620 metros de altitude, um ponto privilegiado para o FM. Essa nova configuração resultou em um salto exponencial de alcance, com várias cidades entrando na zona de recepção de sinal com qualidade "muito boa", "boa" e "razoável".

Cidades que passaram a receber bem o sinal:
Arara, Esperança (PB), Remígio (PB), Cacimba de Dentro (PB), Araruna (PB), Nova Cruz (RN), Belém (PB), Sertãozinho (PB), Lagoa de Dentro (PB), Jacaraú (PB), Areia (PB), entre outras.
Upgrade
A ação de upgrade pode não ter sido imediata, mas foi muito eficaz. Isso porque veio acompanhada de uma reconfiguração completa: aumento de potência, torre mais alta e localização mais favorável. A solução chegou em uma forma ainda melhor do que a esperada.
Parabéns à equipe pela execução e por transformar a Correio da Serra em uma verdadeira rádio regional.
Já consigo captar a Correio da Serra (100,3 FM) bem perto de Natal
Fiz alguns testes recentemente e, pelas projeções que obtive inserindo os dados no software de cobertura, a Correio da Serra realmente ampliou bastante sua área de alcance, e pessoalmente já consigo ouvi-la até mesmo dentro da garagem aqui de casa.
Sem dúvida, a emissora entra agora em uma nova realidade. Em breve, devo fazer outra viagem à Paraíba ainda em julho, e pretendo realizar um comparativo em campo entre o que o software prevê e o que de fato é captado. Será uma ótima oportunidade para comparar, na prática, o desempenho da Correio da Serra FM com a Talismã FM e a Agreste FM.
Atualização (06/07 10:27)
A captação que realizei certamente não está relacionada à camada F, até porque consigo sintonizar tanto a Talismã FM (Belém/PB) quanto a Agreste FM (Nova Cruz/RN) com bom sinal, sem variações significativas ao longo do ano ou em função de condições atmosféricas. Isso indica que se trata de uma recepção direta, favorecida por condições geográficas (como a altitude) e pela boa potência das emissoras.
Ontem, no primeiro teste das novas condições da Correio da Serra, consegui captá-la com relativa facilidade. No entanto, hoje o sinal não apareceu, o que sugere que a emissora ainda está passando por ajustes, o que é natural.
Curiosamente, nesse mesmo período, captei a Canção Nova 100,3 FM (Gravatá/PE), o que, neste caso, parece sim ser resultado de rebatimento esporádico ou influência da camada
A importância de uma rádio FM ter um bom público alcançado
Isto vai muito além de números, trata-se da sustentação, relevância e projeção da emissora no mercado. não é difícil notar os principais motivos e eles são:
1. Sobrevivência financeira
Quanto maior o público alcançado, maior o potencial de arrecadação com publicidade. Anunciantes querem investir onde há audiência, e essa audiência precisa ser mensurável e ativa. Um bom alcance amplia o poder de negociação e eleva o valor da inserção comercial.
2. Força regional e influência local
Uma rádio com bom alcance se torna referência para a região, tanto como meio de comunicação quanto como formadora de opinião. Ela participa da vida cotidiana das pessoas, influencia hábitos, costumes e até decisões políticas ou de consumo.
3. Reconhecimento de marca
Quanto mais pessoas alcançadas, maior a presença da marca da emissora no imaginário coletivo. Isso cria identidade e pertencimento. A rádio deixa de ser apenas uma frequência e passa a ser lembrada como parte da rotina das comunidades.
4. Justificativa técnica e legal
Uma emissora FM, principalmente as comerciais e educativas, tem uma missão pública de comunicação. Ter um público restrito compromete essa missão. Tecnicamente, se ela tem potência para alcançar dezenas de cidades, mas só cobre bem sua sede, está desperdiçando estrutura e espectro
5. Abertura para projetos e parcerias
Com boa audiência, a emissora se torna atraente para projetos culturais, campanhas públicas, eventos e convênios, abrindo portas com prefeituras, ONGs e até com o governo estadual ou federal.
6. Competitividade no mercado
Se outras rádios alcançam regiões inteiras e sua FM se limita à própria cidade, você está em desvantagem. Ter um bom público alcançado eleva sua competitividade diante de rádios regionais ou até redes nacionais que queiram ocupar espaço no seu território.
Um novo player regional
Com esse novo cenário, a Correio da Serra passa a disputar diretamente o mercado com a Talismã FM, até então a rádio com maior cobertura regional. Apesar de a Talismã operar com um transmissor de 3 kW (contra 1 kW da Correio da Serra), sua torre está localizada a 344 metros de altitude na zona rural de Belém/PB, bem abaixo dos 620 metros onde agora opera a 100,3 MHz.
Essa vantagem de altitude, aliada aos ajustes técnicos, posiciona a Correio da Serra como uma nova potência regional no dial do Brejo paraibano e agreste potiguar. O mercado publicitário da região certamente vai reagir a essa reacomodação de forças no espectro FM.
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