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Ajustes cruciais nos modelos de receptores DRM para Conquistar o público brasileiro

Atualizado: 25 de jul.

Ao longo deste texto, vou mostrar aos leitores como é o brasileiro em sua paixão pelo som e, especialmente, pela “Caixa Mágica” que o entrega.


Quero deixar claro que não estou criticando a qualidade dos aparelhos mostrados acima. A maioria dos consumidores brasileiros tem preferências muito específicas, especialmente no que diz respeito ao áudio e ao design. Essas mesmas fabricantes poderiam — e deveriam — considerar o lançamento de modelos que se alinhem melhor ao gosto brasileiro.


Uma inspiração comum até demais

Pode ser coincidência ou resultado de uma promoção direcionada, mas sempre que pesquiso por modelos de receptores DRM, me deparo com imagens como essas — e tenho alguns alertas a fazer:

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Permitam-me uma piada inofensiva, na verdade vem de lembranças afetivas... mas esses rádios não lembram os aparelhos encantadores da época dos nossos avós... ou bisavós, para alguns leitores?


Esses modelos, e outros semelhantes, são os resultados mais frequentes nas minhas buscas online. Eles imediatamente me transportam à infância, aos rádios na casa dos meus avós e da geração deles. Embora alguns argumentem que são modelos “clássicos”, formatos que marcaram a era de ouro do rádio, seguir por esse caminho não ajudaria a popularizar um novo padrão digital. Por mais “clássica” que seja a aparência, há um paradoxo conceitual ao apresentar uma tecnologia de transmissão de última geração em invólucros que parecem peças de museu. Mesmo sendo tecnicamente avançados, já nascem com cara de ultrapassados, mesmo que não sejam.

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O público brasileiro

Nós, brasileiros, somos apaixonados por equipamentos que entregam tanto fidelidade quanto potência sonora. Pode parecer estranho, mas ter uma JBL Party Box por aqui é quase como ter uma bolsa da Louis Vuitton. Tentar vender o áudio digital do DRM por meio de aparelhos pálidos e visualmente pouco atrativos não atrai o público — nem pelo estilo, nem pelo som. Muitos receptores DRM são monofônicos (correto ou não?). E matar o estéreo, especialmente com DRM no AM ou DRM+ no FM, é desperdiçar uma das vantagens competitivas mais promissoras do formato.

Sim, é verdade que transmissões DRM em mono podem oferecer maior robustez de sinal. Mas qual é o ganho se o custo for uma experiência sonora empobrecida? Quando uma única caixa de som achata e funde o que normalmente seria direcionado separadamente aos canais esquerdo e direito, perdemos instrumentos, frequências e a ambiência espacial. Fica uma experiência sonora sem graça.

Sou engenheiro, atualmente também estudante de Psicologia na UNI-RN. Muita gente pergunta o que essas duas áreas têm em comum. Costumo dizer: nada é mais complexo do que a relação entre as pessoas e a tecnologia. Muitas vezes, as pessoas guiam e são guiadas por essa relação, e é aí que entro, como tradutor entre a indústria e o usuário. Onde muitos não veem conexão entre matemática e emoção, vejo vínculos cada vez mais profundos entre arte e números. Individualmente, somos complexos. Mas, em escala, fica muito mais fácil entender o que queremos.


Modelos clássicos… mas nem tanto

Outra observação importante: muitos aparelhos com aparência “clássica” perdem todo o charme por causa de detalhes mal executados, telas genéricas e fracas, botões de plástico barato. Lembram produtos falsificados vendidos em feiras populares do Brasil. Resultado? Rejeição imediata do consumidor. Não basta adotar um formato clássico; o design precisa abraçar de fato essa estética, com materiais e acabamento de qualidade da carcaça ao botão.


Equipamentos com cara de brinquedo

É improvável que os receptores DRM tenham preços “populares” logo de início. E se, além disso, o aparelho tiver aparência frágil ou de brinquedo (mesmo que não seja), enfrentará resistência. O brasileiro vive num país com impostos elevados e pensa duas vezes antes de gastar com algo que não parece durável ou potente.

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Venda para nichos: sim, mas com calma

É claro que há espaço para diversidade de modelos, inclusive voltados a nichos. A teoria da “long tail” comprova isso. No entanto, montar toda uma linha de produção pensando desde o início em públicos de nicho é um erro estratégico na implementação do DRM no Brasil. Isso atrasaria a adoção. O momento de mirar nos nichos é depois da massificação. Aí sim veremos uma explosão de criatividade e personalização, algo muito típico do nosso mercado, cheio de influências internacionais.


O "Cavalo de Troia" do bem

Para ser bem direto: o DRM precisa chegar ao Brasil disfarçado de algo que as pessoas já amam. Ele deve entrar nas casas brasileiras dentro de uma grande caixa de som, algo como uma JBL Party Box, pronta para festas em família, churrascos, praia e encontros em casa. Hoje tudo gira em torno do Bluetooth.

O receptor DRM ideal seria uma caixa de som moderna, com conectividade Bluetooth e DRM embutido. E esqueça recursos extras como Spotify ou Webradios. A missão aqui é apresentar o DRM, humildemente, como um convidado. Chegar sozinho e sem ser chamado só vai atrasar, ou até impedir, a adoção. O DRM precisa de carona até o palco principal. Pense como se o Coldplay tivesse sido apresentado ao mundo abrindo o show do U2, uma banda desconhecida ganhando chance graças ao Bono. (Essa história é inventada, mas você entendeu a analogia.)


Pontos críticos (resumo do que foi dito)

  • Os modelos de receptores DRM devem todos os públicos, mas focar em atrair o público jovem e conectado. Esse é o público-alvo urgente para impulsionar o rádio digital.

  • A qualidade de áudio deve ser excelente, com som estéreo de alta fidelidade, especialmente nas transmissões em AM e FM.

  • Modelos com estética clássica devem vir depois da adoção em massa e precisam ter acabamento, telas e botões de alta qualidade. Um “clássico” só é clássico se agregar valor real.


Frentes de batalha

1º caminho para produtos estratégicos: Externamente baratos, mas bem estruturados e funcionais, dentro de um minimalismo charmoso.


2º caminho para produtos estratégicos: Poderosas máquinas de som, já que o preço não será barato, que a entrega faça valer a pena.


Alertas: Evitar desenhos bregas e peças plásticas genéricas em telas e botões. Muitas vezes, o que determina o bom design não é o custo, mas a direção criativa da fabricante. Isso vale tanto para equipamentos mais baratos quanto para os mais potentes.


Bom entender essa paixão: !! Brasileiros amam as caixas de som da JBL, pelo design ousado e som potente !!


Não repetir o que deu errado

Outro alerta importante, que pode até representar economia: não devemos tentar o sistema híbrido de transmissão. O DRM deve operar no Brasil como 100% digital desde o início. Isso evita que os radiodifusores gastem energia mantendo um sinal analógico que já não tem vida real e não deve ser ressuscitado.


O foco deve ser em receptores 100% digitais e transmissões 100% digitais, nada de estreitar o sinal digital, nada de limitar a potência da transmissão digital.


Importante observar:

Em nenhum momento desmereço a qualidade dos equipamentos mostrados como exemplo. Meu ponto é que eles tendem a agradar a um público mais restrito. A maioria dos brasileiros possui características bem definidas em suas preferências, especialmente quando se trata de áudio e design.

Esses mesmos fabricantes poderiam, e deveriam, considerar a possibilidade de colocar no mercado modelos que dialoguem melhor com o gosto do público brasileiro.


A capacidade de encantar urge

O sucesso do DRM no Brasil não dependerá apenas de suas qualidades técnicas, que são inegáveis, mas de sua capacidade de encantar, atender e surpreender o público brasileiro. Se quisermos ver essa tecnologia prosperar, precisamos lançar produtos que falem a língua do consumidor, tanto no som quanto na forma.


 
 
 

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