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Enquanto a Argentina libera o uso de dólares, o Brasil os sobretaxa. Se eu fosse dinheiro, trocaria 'olá' por 'hola'

Quase em sincronia: num dia, a Argentina apresenta as regras para a ampla regularização dos dólares guardados “no colchão”; no seguinte, o Brasil multiplica o IOF, imposto que incide também sobre a compra e venda da moeda norte-americana. O redirecionamento de divisas no Cone Sul torna-se inevitável. De um lado, um país que pune quem opera com ele; de outro, um que incentiva. Embora as proporções variem, diversas trocas de rota ocorrerão de forma perfeitamente previsível. A habilidade brasileira em assustar pelo caminho tributário contrasta com a nova cultura argentina de alívio fiscal em roteiros combinados. Revelam-se, assim, duas visões de mundo: numa, o dinheiro pertence ao indivíduo; noutra, pertence ao Estado e é usado conforme suas regras e valores morais.

Sou Ricardo Gurgel, engenheiro civil, e gostaria de compartilhar algumas visões que me chegam com clareza cristalina, e que me surpreende não serem percebidas por mais pessoas, especialmente por quem lida com as dinâmicas dos mercados. Mesmo reconhecendo que tanto o mercado brasileiro quanto o argentino não estão entre os gigantes globais, ambos representam portas de entrada para oportunidades e riscos que variam em intensidade e qualidade ao longo do tempo.



1. Argentina: incentivo à formalização dos dólares “guardados”

A medida anunciada pelo governo argentino — o chamado blanqueo — visa regularizar os dólares que estão fora do sistema bancário formal, conhecidos popularmente como “dólares do colchão”. Ao permitir que esses valores sejam trazidos à luz com alíquotas reduzidas ou incentivos fiscais, o governo:

  • Estimula a bancarização e circulação de capital parado.

  • Reforça reservas e liquidez interna sem recorrer a empréstimos externos.

  • Cria um ambiente de previsibilidade tributária e confiança no sistema.


2. Brasil: aumento do IOF sobre operações cambiais

Enquanto isso, o Brasil anuncia o aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) que incide também sobre transações com moedas estrangeiras. Isso significa:

  • Maior custo para comprar ou vender dólares legalmente.

  • Desincentivo às operações formais de câmbio.

  • Potencial estímulo à informalidade ou à busca por canais alternativos, inclusive via países vizinhos.


redirecionamento cambial regional

O efeito conjunto dessas medidas tende a gerar um efeito de redirecionamento de moedas dentro do Cone Sul:

  • Investidores, empresas e até turistas podem preferir operar com dólares na Argentina, onde há incentivo à formalização e menor carga tributária.

  • O Brasil, ao onerar transações legais, corre o risco de perder parte dos fluxos cambiais formais e incentivar rotas informais ou operações no exterior (inclusive em solo argentino).


Duas visões econômicas opostas

As decisões revelam um embate de filosofias econômicas:

  • Argentina acena para uma lógica de alívio fiscal e reinserção do capital privado ao sistema formal.

  • Brasil, por outro lado, reafirma uma lógica arrecadatória em nome do controle estatal, mesmo à custa de desestímulo à formalidade.

Esse descompasso pode alterar o equilíbrio cambial e financeiro regional e o Brasil, ao sobretaxar, pode estar involuntariamente exportando fluxo de dólares para seus vizinhos.



Contexto recente favorável à valorização de ativos argentinos

1. Sinalização pró-mercado e reformas estruturais

  • O “blanqueo” (regularização dos dólares do colchão) sinaliza uma tentativa do governo Milei de atrair capitais parados e reduzir a informalidade, o que tende a aumentar a liquidez e impulsionar setores financeiros e bancários.

  • Reformas fiscais e desregulamentações, mesmo controversas, mostram vontade política de reestruturar a economia com foco em eficiência e liberalização.


2. Estímulo à formalização do capital

  • A entrada de dólares informalmente guardados para o sistema bancário argentino pode fortalecer reservas, confiança no sistema e desempenho das empresas listadas.

  • Isso tende a favorecer setores como bancos, consumo e energia, que têm peso relevante no ARGT.


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Minha aposta pessoal e sem sugestões do ETF ARGT / ARGT39

Composição Setorial (pode variar com o tempo, mas tende a incluir):

  • Globant, Mercado Libre, YPF, Grupo Financiero Galicia, entre outras grandes empresas argentinas.

  • Empresas com exposição internacional (como Mercado Libre e Globant) mitigam o risco local e aumentam o potencial de crescimento em cenários de recuperação.

Relação risco/retorno:

  • O ARGT teve momentos de alta forte em ciclos positivos, mas é um ETF mais volátil, ideal para quem aceita um pouco mais de risco em troca de possível valorização expressiva em cenário de reestruturação bem-sucedida da economia argentina.


Por que o ARGT39 pode ser interessante para mim

  • Diversificação regional: Para quem tem portfólio muito exposto ao Brasil, o ARGT39 é uma forma simples de incluir um ativo sul-americano com outra dinâmica macroeconômica.

  • Proteção cambial indireta: Como o ARGT é cotado em dólar, o BDR tende a se valorizar com o dólar alto — e eventuais instabilidades no Brasil podem impulsionar o dólar e valorizar o BDR, mesmo que o ETF fique estável em dólares.


A considerar!

  • Instabilidade política: Reformas do governo Milei enfrentam resistência política. Se forem barradas, podem frustrar o mercado.


Risco apenas meus

Eu tem motivos sim para pensar em ampliar posição no ARGT ou ARGT39, se:

  • Acredita na recuperação estrutural da Argentina;

  • Tolera volatilidade de curto prazo em troca de possível valorização futura;

  • Quer diversificar geograficamente com exposição a empresas relevantes da América do Sul.



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