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Modelo prevê queda de Maduro nos seguintes cenários

Vamos tratar como um problema de previsão com um “modelo-toy” transparente, com hipóteses explícitas e calibrado em fatos recentes para estimar a probabilidade de saída do regime por trimestre, sem juízos morais.


Como modelar (resumo)

Uso um modelo de risco em tempo discreto (hazard por trimestre) para “saída do regime” (qualquer evento que remova Maduro do poder). O risco trimestral é uma função logística destes vetores (normalizados 0–1):

  • Repressão estatal (↓peso): prisões, perseguições, controle judicial/TSJ. Evidência de alta repressão em 2024–25.

  • Fissura de elites (↑peso): rachaduras no PSUV/Forças Armadas, defecções. (Literatura comparada mostra que quedas de autocratas ocorrem, com frequência, por rachas internos.)

  • Estresse econômico (↑peso): inflação/escassez/receitas. Hoje, alívio parcial com a recomposição do petróleo.

  • Pressão internacional (↑peso): sanções, isolamentos, reconhecimento do opositor. EUA reconheceram Edmundo González como eleito; OFAC oscilou em licenças/sanções.

  • Escala de protestos (↑peso): mobilização sustentada; literatura sugere que campanhas não-violentas massivas têm mais sucesso.



Hipótese-base (α) e pesos (β) foram escolhidos para produzir probabilidades realistas à luz de estudos comparados (Geddes/Svolik/Chenoweth). Isso é ilustrativo, não oracular.


Resultados (o que o modelo indica)

Cenários trimestrais de 2025-Q4 a 2028-Q4.

  • Status quo (Q4-2025): risco por trimestre ~5% ⇒ prob. cumulativa ~12 meses ≈ 23%; até dez/2028 ≈ 51%.

  • Sanções apertam & economia piora: risco ~10%/trim ⇒ até dez/2028 ≈ 87%.

  • Fratura nas elites (defecções) mantendo pressão externa e mobilização moderada: risco ~32%/trim ⇒ até meados de 2027 já >80% e até dez/2028 ~≈100%.


Entradas empíricas usadas (Q4-2025)

  • Repressão alta (prisões, exílio, validação do TSJ): após eleição de 28/07/2024, o TSJ “validou” Maduro; HRW relata abusos contínuos; Edmundo González asilou-se e foi para a Espanha.

  • Pressão externa relevante, mas limitada: UE e EUA rejeitaram o resultado oficial e (no caso dos EUA) reconheceram o opositor; contudo, licenças/óleo vêm sendo moduladas (Chevron com licença restrita).

  • Receita do petróleo melhorando: exportações acima de 1,0 milhão bpd em set/2025 mitigam o estresse econômico.

  • Fissuras de elite pouco visíveis; protestos foram reprimidos


Resultados (o que o modelo indica)

Cenários trimestrais de 2025-Q4 a 2028-Q4. Você pode ver a tabela e o gráfico que acabei de produzir acima.

  • Status quo (Q4-2025): risco por trimestre ~5% ⇒ prob. cumulativa ~12 meses ≈ 23%; até dez/2028 ≈ 51%.

  • Sanções apertam & economia piora: risco ~10%/trim ⇒ até dez/2028 ≈ 87%.

  • Fratura nas elites (defecções) mantendo pressão externa e mobilização moderada: risco ~32%/trim ⇒ até meados de 2027 já >80% e até dez/2028 ~≈100%.


Probabilidade de queda de Maduro e seu regime

Scenario

Dec 2025

Dec 2026

Dec 2027

Dec 2028

Status quo (Q4 2025)

5.4%

28.4%

42.7%

51.5%

Mais sanções econômicas

15.3%

63.1%

81.0%

88.5%

Fratura e deserções da elite

39.2%

94.9%

99.3%

99.8%

O que mudaria o “quando”

  • Queda de receitas/petróleo (reversão do ganho recente ou sanções que atinjam cash-flow): empurra o cenário para “Sanções apertam”.

  • Abertura/fechamento de válvulas dos EUA (OFAC/Chevron/licenças setoriais): afeta estresse econômico e cohesão de elite (quem recebe renda). C

  • Mobilização organizada e sustentada (não-violenta), apesar da repressão: eleva muito o risco por trimestre. I

  • Sinais de divisão no alto comando (FA/PSUV/TSJ): maior aceleração no relógio do modelo.


Limites e honestidade

  • O modelo não prevê datas “duras”; ele dá probabilidades condicionais.

  • Há endogeneidade (ex.: sanções podem fortalecer narrativas internas).

  • O ambiente informacional é opaco; a cohesão real das elites é difícil de observar.


Conclusão direta (em linguagem de “quando”)

  • Sem mudança estrutural (status quo: petróleo >~1,0 Mbpd, repressão alta, pouca fissura): a mediana do nosso toy-modelo aponta para algo como “moeda ao ar” (≈50%) até o fim de 2028” — i.e., não há base para cravar que os EUA “vão conseguir tirar” até lá. Reuters

  • Com choque econômico + aperto sancionatório real (atingindo receitas do núcleo do regime) ou fratura de elite visível, a probabilidade passa a alta (≥80% em 2–3 anos).


Linha de tempo provável (2025 – 2028)

2025 – 2026: Alta estabilidade

  • No curto prazo, o modelo mostra baixo risco de queda (≈ 5% por trimestre).

  • Isso se deve a:

    • Repressão muito alta;

    • Apoio consistente de aliados como Rússia e Irã;

    • Recuperação parcial da economia via petróleo (mais de 1 milhão bpd).

  • Mesmo com sanções, o fluxo de caixa e o controle interno garantem sobrevida até meados de 2026.

Probabilidade acumulada de saída até dez/2026 ≈ 20–25%👉 Interpretação: o regime se mantém sólido, mas começa a depender cada vez mais do petróleo e da lealdade das Forças Armadas.


2027: Zona de instabilidade moderada

  • Se houver agravamento econômico (queda do petróleo, novas sanções) ou divisões internas, o risco cresce rapidamente.

  • Nesse cenário intermediário, o modelo projeta 10–15% de chance por trimestre, o que significa:

    • Até dez/2027 ≈ 50–65% de probabilidade de saída;

    • O regime ainda pode resistir, mas começa a perder coesão.

Condições que empurram a curva:

  • Redução de oil rents (receita em queda);

  • Crescente isolamento diplomático (sanções reativadas pelos EUA e UE);

  • Pequenas rachaduras entre o alto comando militar e político.


2028: Alta probabilidade de transição

  • Se a tendência de pressão continuar e ocorrer uma fratura real na elite — ou seja, defecções no PSUV ou nas Forças Armadas —, o modelo indica probabilidade superior a 80% até o fim de 2028.

  • Mesmo com repressão, a base de sustentação ficaria insustentável sem recursos ou coesão militar.


Probabilidade de saída até dez/2028

  • Status quo: ≈ 50%

  • Sanções e crise: ≈ 85%

  • Fratura de elite: ≈ ≈ 100%


Fator

Efeito no risco de queda

Comentário

Fratura nas elites

Aumenta muito

Se o alto comando se dividir, acelera o colapso.

Repressão estatal

Diminui

Mantém o regime, mas com custo crescente.

Economia/petróleo

Ambíguo

Se o petróleo cair, o risco sobe.

Pressão internacional

Aumenta

Sanções efetivas e unificadas têm peso.

Protestos e mobilização civil

Aumenta

Podem catalisar divisões internas.

Apoio externo (Rússia/China/Irã)

Diminui

Sustenta o regime com logística e legitimidade.



Probabilidade diretas em território venezuelano (ações americanas)

Tipo de ação

2025–26

2027–28

Bloqueio naval / interdição

🟢 70%

🟢 85%

Ataques aéreos pontuais

🟡 35%

🟠 65%

Operações especiais

🟡 25%

🟠 70%

Intervenção terrestre limitada

🔴 15%

🟠 40%

Invasão convencional

5%

🔴 20%


Conclusão simplificada

  • Até 2026, Maduro ainda parece seguro.

  • Entre 2027 e 2028, a probabilidade de queda cresce fortemente se coincidirem:

    • agravamento econômico (menor receita petrolífera),

    • manutenção das sanções, e

    • fissuras no núcleo militar ou partidário.

  • A data-limite mais plausível para uma transição significativa, segundo o modelo, é entre meados de 2027 e o fim de 2028, caso as pressões não recuem



Se os Estados Unidos atacassem as forças venezuelanas em dezembro de 2025


Resposta curta, direta

Se os EUA lançassem uma intervenção militar imediata e forte em dezembro, Maduro poderia ser removido do poder em dias a semanas, dependendo de inteligência, precisão das ações e sobretudo da reação ou deserção das forças leais. Por outro lado, “dominar” (ou seja, governar e estabilizar) a Venezuela é muito mais demorado e caro: esperar a estabilização política e segurança mínima plausível levaria meses a anos, e um conflito de baixa intensidade / insurgência poderia durar vários anos.


Por etapas, com estimativas e as razões por trás delas.

1) Fase inicial: tomada do centro de poder — prazo provável

  • Remoção do líder (decapitação / captura) — prazo plausível: dias a semanas.

    • Explicação: operações altamente dirigidas (ataques cirúrgicos, operações especiais) costumam ser capazes de neutralizar líderes ou centros de comando rapidamente se houver boa inteligência sobre localização e se não houver proteção/escape eficaz. Históricos mostram que em ações rápidas e bem planejadas (ex.: captura de Noriega/1989 em operação Just Cause) a derrubada pode ocorrer em dias/algumas semanas.

  • Probabilidade condicionada: se segmentos do alto comando militar ou milícias desertarem ou não defenderem o centro, a remoção é muito mais rápida; se a liderança e forças leais resistirem com coesão, a operação pode se estender. A coesão das forças venezuelanas atualmente é incerta — há indícios de desgaste, mas também de capacidade de mobilização (milícia, guarda nacional).

2) Fase de segurança e controle territorial inicial — prazo provável

  • Segurança das capitais e centros-chave (Caracas, portos, campos petrolíferos) — prazo plausível: semanas a meses.

    • Após um golpe ou remoção do chefe de Estado, estabilizar grandes centros urbanos e pontos logísticos exige presença contínua de forças, verificação de instalações críticas (aeroportos, refinarias, terminais de petróleo) e gestão das instituições locais.

    • Em operações comparáveis, controle inicial sobre capitais pode ocorrer rápido; porém garantir segurança sustentada em todo o país toma mais tempo. (Comparação: invasão de Panamá tomou semanas para capitais; já em Iraque, ocupação de Bagdá foi rápida, mas insurgência e controle do país demoraram anos.)

3) Fase de consolidação e “governança” — prazo provável

  • Estabelecer um governo efetivo e restaurar serviços básicos — prazo plausível: meses até 1–3 anos.

    • Por quê: a restauração de funções estatais (força policial confiável, cadeias de comando, serviços públicos, cadeia logística do petróleo) exige reconstrução institucional, acordos políticos, e recursos. Exemplos recentes mostram que ocupações geram vácuos que levam anos para preencher.

  • Risco de resistência prolongada / insurgência — prazo provável: anos (5–10+) para redução significativa.

    • Mesmo se o núcleo do regime cair, grupos armados leais, milícias, e redes criminosas podem operar como guerrilha/insurgência. Em muitos casos, conflitos assim persistem por anos após a queda do principal líder.

4) Fatores que aceleram ou retardam esses prazos

  • Acelera (reduz prazos):

    • Deserção/colapso da cadeia de comando militar;

    • Apoio político interno ao novo ator (oposição organizada que colabora);

    • Negligência/abandono de apoio externo ao regime (queda de assistência logística de aliados).

  • Retarda (aumenta prazos e custos):

    • Coesão das Forças Armadas, milícias e Guarda Nacional, e sua disposição a combater;

    • Apoio externo ao regime (ligações com Rússia/China/Iran, fornecimento de equipamentos/aconselhamento);

    • Capacidade do regime de transformar conflito em guerra de baixa intensidade (uso de terreno, populações hostis, redes criminosas).

5) Custos, riscos e probabilidades políticas / diplomáticas

  • Reação internacional: incursões em território soberano geram condenação, risco de sanções multilaterais, e possivelmente confrontos diplomáticos com potências que apoiam Caracas. Recentes ações navais/ataques no Caribe já motivaram críticas de organismos internacionais.

  • Custos humanos e materiais: invasões e ocupações costumam gerar vítimas civis, destruição de infraestrutura e crises humanitárias (como em Panamá 1989, Iraque 2003). Esses custos influenciam política doméstica nos EUA e apoio internacional.

  • Sustentabilidade política: mesmo com remoção de Maduro, gerir uma transição legítima e minimamente estável exige apoio regional e planos de reconstrução. Sem isso, o vácuo pode alimentar violência e retrocessos.

6) Estimativas numéricas

Estas são faixas condicionais, dependem fortemente de variáveis como deserções, apoio externo e decisão política dos EUA.

  • Remoção do líder (captura/neutralização): dias a 2–4 semanas (se a operação for muito eficaz e se houver rachaduras internas).

  • Controle das capitais e infraestruturas-chave: semanas a 3 meses para presença consolidada nas cidades principais.

  • Controle efetivo nacional / serviços básicos estabilizados: 6 meses a 3 anos (provavelmente no limite superior se houver resistência).

  • Redução de insurgência / violência organizada a níveis baixos: vários anos — 5–10+ anos em cenários difíceis.

7) Cenários finais e qual é o mais provável?

  • Intervenção cirúrgica bem-sucedida + elite deserta: remoção rápida e janela de alguns meses para tentar transição, possível, mas politicamente arriscado.

  • Intervenção robusta sem ruptura interna: pode derrubar liderança central, mas luta de guerrilha e controle territorial arrastam o processo por anos, provável se o regime estiver coeso.

  • Intervenção parcial (naval/ aérea/ comandos): pode degradar capacidade do regime e promover pressões, mas não garante mudança rápida; resultado seria instável.

Conclusão (enfática, mas honesta)

  • Sim, uma intervenção imediata e forte pode, em tese, derrubar Maduro em curto prazo (dias–semanas) se as condições operacionais e políticas forem favoráveis.

  • Porém, “dominar” a Venezuela, ou seja, estabelecer controle nacional, segurança e governança funcional, é um desafio bem mais longo: de meses a anos, com elevado risco de insurgência e custos políticos/internacionais substanciais.

  • Em suma: remoção rápida é plausível; ocupação/estabilização duradoura é cara e demorada e depende fortemente de fatores políticos (deserções, apoio local e regional) e do envolvimento de potências externas.

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