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O DRM pode complementar países já atendidos pelo DAB+, evitando a dependência de um único sistema de curto alcance

Atualizado: 28 de jul.

O DAB+ é um sistema com foco em cobertura de curto alcance, com raio médio de atuação em torno de 60 km. Claro que esse valor pode variar conforme a topografia, a potência do transmissor e as características da antena irradiadora, podendo ser maior ou menor conforme o cenário. No entanto, um país atendido exclusivamente por DAB+ exigiria uma rede extremamente densa de transmissores e repetidores, o que só seria viável economicamente em países pequenos ou de geografia muito concentrada.


O complemento

Por outro lado, o DRM se mostra um sistema completo justamente por ter duas vertentes complementares: o DRM+, ideal para cobertura metropolitana, e o DRM em AM, que oferece tanto cobertura estendida quanto bom desempenho em áreas urbanas. É importante destacar que, embora ambos usem tecnologia OFDM, os sistemas foram desenvolvidos com enfoques distintos, com soluções específicas de recepção, modulação e correção de erros.

O DAB+ não é um sistema que vejo com chances reais de implantação no Brasil, pois adota uma formatação bastante distinta da estrutura atual. E mesmo sistemas mais alinhados à filosofia vigente já enfrentam desafios de adoção. Em Natal, por exemplo, não considero plausível a realização de testes em DAB+ no curto, ou mesmo no médio prazo.

Já em países onde o DAB+ está em operação, mas ainda coexistem transmissões analógicas para cobrir pequenas cidades e zonas rodoviárias descobertas, torna-se necessário refletir sobre soluções complementares. É justamente nesses cenários que o DRM pode assumir um papel estratégico, ampliando a cobertura e consolidando uma verdadeira inclusão digital no rádio.


Riscos de depender exclusivamente de um sistema de curto alcance

Embora o DAB+ ofereça excelente qualidade de áudio e funcionalidades modernas, sua natureza de curto a médio alcance exige uma grande densidade de transmissores para garantir cobertura nacional. Isso funciona bem em cidades médias e grandes, mas se torna custoso, ineficiente e até inviável em áreas rurais, remotas ou com baixa densidade populacional.

Adotar apenas o DAB+ como sistema único carrega riscos estruturais:

  • Desigualdade no acesso à informação entre o interior e os grandes centros urbanos.

  • Altos custos de expansão, tornando a digitalização economicamente inviável em regiões distantes.

  • Descontinuidade da radiodifusão tradicional sem alternativa digital funcional em áreas onde o AM ou FM seriam desligados.

  • Isolamento informativo em emergências, enfraquecendo o papel do rádio como meio resiliente e confiável.

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A importância de um sistema complementar como o DRM

Neste cenário, o DRM se apresenta como uma solução complementar ideal:

  • Cobre longas distâncias com poucos transmissores, inclusive usando ondas médias e curtas.

  • Aproveita as estruturas AM já existentes, com menor investimento.

  • Chega a regiões onde o DAB+ jamais será economicamente viável.

  • Opera também em VHF (DRM+), permitindo integração em arquiteturas híbridas.


Uma estratégia nacional inteligente

A combinação entre DAB+ e DRM permitiria:

  • Cobertura eficiente e equilibrada, com DAB+ em áreas metropolitanas e DRM no interior.

  • Compatibilidade técnica, já que ambos utilizam OFDM e podem conviver em receptores multissistema.

  • Uso racional do espectro e da infraestrutura existente, promovendo a transição digital de forma sustentável.

Apostar em um único sistema de curto alcance pode parecer simples, mas não resolve o desafio da cobertura universal. O rádio digital, para cumprir sua missão democrática, deve ser inclusivo, acessível e planejado estrategicamente. A integração entre DAB+ e DRM é, possivelmente, o único caminho técnico e economicamente viável para uma digitalização nacional efetiva.


E o FM digital?

No Brasil, uma bem-sucedida implementação do DRM em AM também serviria como ferramenta educativa, mostrando à população e ao mercado os ganhos reais da transmissão digital, tanto em qualidade quanto em funcionalidades.

Isso criaria um ambiente de percepção positiva para se iniciar o debate sobre a digitalização no FM, Impulsionando a indústria, o comércio e novos modelos de negócio sustentados por funcionalidades inéditas — como serviços interativos, texto dinâmico, metadados, alertas de emergência e até o envio de arquivos. Sobre esse último, inclusive, tratamos na postagem em que exercitamos possiblidades futuristas “Anunciantes pagando o envio de PDFs via rádio digital, ingressos com descontos chegando em meu receptor? Um RDS diferenciado?”.


Melhor blindagem contra falhas em áreas urbanas

Ambos os sistemas (DAB+ e DRM+) foram desenvolvidos com proteções específicas contra o efeito multipath, um dos principais vilões do sinal de rádio em grandes cidades.

Se você sofre com o sinal falhando dentro da cidade, mesmo em sua FM favorita, isso provavelmente é causado por reflexões do sinal nos prédios, que geram interferência destrutiva. No sistema analógico, o resultado são chiados, distorções e volume oscilante. No digital, ocorrem cortes, mas os sistemas digitais modernos têm mecanismos avançados para corrigir ou minimizar esses efeitos.


O risco da limitação geográfica

Transmissões exclusivamente urbanas criam áreas de sombra fora das cidades. Isso não afeta apenas pequenas comunidades, motoristas em viagem, caminhoneiros, moradores de zonas periurbanas também ficam sem acesso. Sistemas com forte limitação geográfica dificultam a integração territorial.

Com o DRM em AM e ondas curtas, é possível criar cobertura nacional com poucos transmissores, preservando o direito de acesso universal à informação e reforçando o papel estratégico do rádio no país.


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