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Radio, Market & the Listener's Mind

China Could Use Soft Power to Make Brazil Adopt DRM

China is showing strong signs that it will fast-track the implementation of the DRM standard, both for shortwave and, most notably, for mediumwave transmissions. This decision, made recently after consultations and planning, will likely be carried out at rocket speed once the country decides to move forward. I see this as an “unnoticed tsunami”, even among those who closely follow the progress of digital radio worldwide. Has everyone truly realized the global impact this could have on the decision-making of other countries within China’s voluntary or involuntary political and/or economic sphere of influence?

Geopolitically, China acts with more calculation, composure, and maturity than other global powers. Like an ancient master full of wisdom, it wastes no time in rhetorical sparring or hollow speeches. China does not bluff: when it makes a bet, it is because it holds enough cards to win. It acts intelligently, even in silence. I often imagine Xi Jinping watching provocations between world leaders with the demeanor of an adult amused by the tantrums of spoiled children. It’s impossible to ignore that any move made by China demands both attention and respect. This is not flattery but a warning: as an ally, China deserves respect; as an adversary, it requires absolute vigilance.

If China develops a robust industry for DRM shortwave and especially mediumwave equipment, it will not limit itself to serving only the domestic market. It will surely seek a global consumer base, for transmitters, receivers, and peripherals, and will likely use the standard to broadcast in multiple languages, reaching audiences worldwide. This is not just plausible; it’s an easy bet.

If differences with India are overcome, such cooperation could further accelerate this turning point in the global digital radio race. It’s not simple, but there are many possibilities. China could act independently, making its market self-sustaining and, after consolidation, advancing with unprecedented persuasive power, offering a cheaper and logistically unbeatable system for supply and infrastructure deployment.

At a time when the Brazilian government is eager to challenge the United States, adopting a digital standard that benefits Chinese industry, at the expense of the American one, would be the kind of provocation that pleases the current administration’s rhetoric and leaves China both happier and wealthier. It would be a form of soft power capable of convincing several countries, through discreet lobbying, to adopt a system that could create an entire industry of transmitters, receivers, and peripheral equipment, while also fostering dependency in countries that fail to invest in their own production.

What would normally take decades could be catalyzed by China in just a few years, especially in Brazil, where the AM band is practically free and full of vacant channels for DRM. If Donald Trump had any strategic vision in this sector, he might consider pairing sanctions with negotiations to promote the American standard, driving licensed product exports and job creation in the U.S. But, let’s be honest, interest in this sector is nowhere near Trump’s political priorities.

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Versão original de meu texto em português: A China pode usar o soft power para fazer o Brasil adotar o DRM


A China dá fortes sinais de que vai acelerar a implantação do padrão DRM, tanto para transmissões em ondas curtas quanto, principalmente, em ondas médias. Essa decisão foi tomada recentemente, após consultas e planejamentos, mas é inegável que, quando o país aciona o “fast track”, ele usa combustível de foguete. Vejo isso como um “tsunami despercebido”, até mesmo por muitos que acompanham de perto o avanço do rádio digital no mundo. Será que todos já perceberam o impacto global que isso pode ter nas escolhas de outros países sob a zona de influência política e/ou econômica da China, seja ela voluntária ou involuntária?

A China atua geopoliticamente de forma mais calculada, fria e madura que outros gigantes. Como um velho mestre milenar, cheio de sabedoria, não perde tempo com disputas de narrativas ou discursos retóricos vazios. A China não blefa: quando aposta, é porque tem cartas suficientes para ganhar. Age com inteligência até no silêncio. Muitas vezes, imagino Xi Jinping observando as provocações entre líderes mundiais com a postura de um adulto diante das pirraças de crianças mimadas. É impossível não compreender que qualquer movimento feito pela China exige atenção e respeito. Não se trata de elogio gratuito, mas de um alerta: como aliada, merece respeito; como inimiga, exige vigilância absoluta.

Se a China desenvolver uma robusta indústria de equipamentos para ondas curtas e, principalmente, médias no padrão DRM, não se contentará em atender apenas o mercado interno. É certo que buscará consumidores globais, para transmissores, receptores e periféricos, e que usará o padrão também como meio para ser ouvida em mais idiomas e alcançar audiências internacionais. É plausível e até uma aposta fácil imaginar isso acontecendo.

Caso as diferenças com a Índia sejam superadas, essa aproximação pode potencializar ainda mais a virada na corrida global pelo rádio digital. Não é simples, mas há várias possibilidades. A China pode agir sozinha, tornando seu mercado autossustentável e, após essa consolidação, avançar com uma força persuasiva sem precedentes, oferecendo um sistema mais barato e logisticamente imbatível para abastecimento e instalação de infraestrutura.

Em um momento em que o governo brasileiro busca se mostrar desafiador aos Estados Unidos, adotar um sistema digital que favoreça a indústria chinesa, em detrimento da americana, seria o tipo de provocação que agradaria à retórica dos atuais governantes e deixaria a China mais satisfeita e rica. Um soft power que, com uma simples conversa nos bastidores, pode seduzir países a adotar o padrão, criando uma indústria de transmissores, receptores e equipamentos periféricos, além de gerar dependência tecnológica nos locais que não investirem na produção própria.

O que, naturalmente, levaria décadas para acontecer, a vontade chinesa poderia catalisar em poucos anos, especialmente no Brasil, que tem a banda AM praticamente livre e repleta de canais disponíveis para o DRM. Se sobrar algum pensamento estratégico para Donald Trump, ele poderia cogitar sanções e negociações em torno do padrão americano, incentivando a exportação de produtos licenciados e a geração de empregos nos EUA. Mas, sejamos sinceros: interesse nesse setor está longe de ser prioridade para Trump.



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