Eleições legislativas na Argentina: Milei ganha mais congressistas com eleições em 4 províncias
- Ricardo Gurgel
- 11 de mai.
- 3 min de leitura
Milei e seu partido, La Libertad Avanza, começam a ampliar o número de congressistas nas primeiras eleições legislativas realizadas após sua posse como presidente. Esse processo, uma vez consolidado, poderá finalmente conferir a Milei os poderes necessários para avançar em sua agenda de privatizações de grandes empresas estatais e na redução ainda mais drástica do tamanho do Estado. Também abriria caminho para reformas estruturais com impacto direto nas contas públicas, possibilitando ao governo maior margem de manobra fiscal e afastando riscos de desequilíbrio orçamentário.
Na Argentina, o sistema federal permite que cada província estabeleça seu próprio calendário eleitoral para cargos locais — como governadores, legisladores provinciais, prefeitos e vereadores. Isso significa que as eleições provinciais podem ocorrer em datas distintas das eleições nacionais. Hoje, 11 de maio de 2025, quatro províncias argentinas estão realizando eleições locais: Salta, Jujuy, Chaco e San Luis. |
Mesmo com uma base legislativa reduzida até agora, Milei tem conseguido aprovar diversas de suas propostas, um feito considerado impensável em muitas democracias, inclusive no Brasil. Aqui, mesmo quando o presidente elege uma quantidade expressiva de deputados e senadores aliados, isso não garante alinhamento automático. No caso argentino, Milei tem avançado muito mais pelo contexto de urgência e necessidade do país do que por sua habilidade em negociar com o Congresso. Muitos parlamentares, mesmo sem qualquer interlocução direta com o presidente, têm analisado os projetos com base em seus méritos e no impacto percebido para a nação. Trata-se, sem dúvida, de um comportamento político incomum, até mesmo na Argentina.
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Um crescimento da base de apoio de Javier Milei no Congresso argentino, aliado a uma possível melhora econômica do país, pode influenciar o Brasil de diversas formas — políticas, econômicas e ideológicas. Aqui estão os principais impactos possíveis:
1. Pressão ideológica sobre a política brasileira
Se Milei consolidar sua agenda liberal e antiesquerdista com sucesso legislativo e sinais de recuperação econômica, isso poderá servir de exemplo para setores políticos brasileiros mais alinhados com o liberalismo radical ou com posições conservadoras. Pode haver:
Reforço discursivo da direita liberal no Brasil, que poderá apontar Milei como "case" de desburocratização e reforma do Estado.
Pressão sobre o governo brasileiro (especialmente se for de esquerda ou centro-esquerda) para adotar ajustes fiscais ou medidas pró-mercado.
2. Influência na narrativa econômica regional
Caso a economia argentina mostre sinais consistentes de recuperação sob as reformas de Milei — como redução da inflação, equilíbrio fiscal e retomada de investimentos —, isso pode reverter a imagem da Argentina como "estado falido" e reposicionar o país como um modelo alternativo ao intervencionismo estatal. Para o Brasil:
Pode surgir uma comparação constante entre os resultados econômicos dos dois países.
Investidores internacionais podem pressionar o Brasil por reformas semelhantes, caso a Argentina se torne mais "atraente" no papel.
3. Dinâmica no Mercosul e comércio bilateral
Se Milei ampliar seu poder e sua visão liberal ganhar força, é possível que ele tente transformar o Mercosul em um bloco mais flexível ou até bilateralizar negociações comerciais. Isso pode afetar:
A coesão do bloco, caso Brasil e Argentina não tenham posturas convergentes.
A estrutura tarifária comum, se a Argentina pressionar por maior abertura.
As exportações brasileiras, principalmente de manufaturados, se a Argentina retomar o consumo interno e o comércio se intensificar.
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4. Isolamento ou distanciamento político-diplomático
Apesar de certa moderação recente, Milei mantém um discurso agressivo contra governos de esquerda na América Latina, incluindo o Brasil. Se a oposição ideológica se acirrar:
Pode haver paralisação de iniciativas regionais conjuntas.
Diálogos multilaterais como CELAC e UNASUL podem enfraquecer.
A Argentina pode se alinhar mais firmemente aos EUA e à direita latino-americana, forçando o Brasil a lidar com um vizinho mais hostil ou, no mínimo, menos cooperativo.
5. Efeitos indiretos sobre o humor do mercado
Melhoras na Argentina com Milei podem elevar o apetite por risco na região, atrair investidores e até fortalecer a moeda argentina. Se o Brasil mantiver um ritmo mais lento de reformas ou instabilidade política, pode perder comparativamente. Os efeitos podem incluir:
Valorização da Argentina frente ao Brasil em indicadores de risco-país e competitividade.
Mudança no fluxo de capitais, sobretudo em áreas como fintechs, energia e agronegócio.
Estímulo a pautas privatistas ou de reforma administrativa no Brasil.
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