Milei pintado nas TVs brasileiras em 2023, 2024 e 2025
- Ricardo Gurgel
- 8 de mai.
- 6 min de leitura
Milei candidato → Ação das TVs no Brasil → Ridicularização
Milei líder nas pesquisas → Ação das TVs no Brasil → Ridicularização e demonização
Milei presidente → Ação das TVs no Brasil → Ridicularização, demonização e pregação de que destruiria a Argentina
Milei implementando ajustes na economia → Ação das TVs no Brasil → Previsões de caos e piora econômica, além de ridicularização e demonização
Milei colhendo as primeiras melhoras na economia → Ação das TVs no Brasil → Minimização dos avanços, sempre citando algum efeito colateral negativo, quase no estilo da frase “a melhora da qualidade de vida leva as pessoas a ficarem mais velhas”
Milei melhorando radicalmente a economia de forma positiva → Ação das TVs no Brasil → Silêncio quase total sobre a Argentina, exceto quando se trata de algum xingamento feito por Milei
Hoje, o objetivo da maior parte das TVs “news” no Brasil parece ser nem pintar a Argentina com cor alguma. Isso porque se tornou impossível não mostrar a recuperação, considerada inviável por muitos, que além de vigorosa, veio de forma surpreendentemente rápida. Isso se deu pela recusa do gradualismo, um fator que impediu avanços mais significativos durante o governo Macri.
Tiago Leifert foi transparente ao admitir que tinha a sensação de que mais de 90% dos jornalistas com quem trabalhava eram de esquerda. Isso, naturalmente, cria uma barreira para críticas a um lado e amplifica as críticas ao outro. Nesse ambiente, nada mais previsível do que o surgimento da Espiral do Silêncio. Também vale destacar o berço de hipocrisia que se forma a partir da incapacidade de neutralidade num meio em que a ética deveria ser o alvo principal. Como não perceber os lados escolhidos pelos jornalistas? Inocente é quem acredita que estão apenas guiando a população como se fossem “papais” da moral nacional, dizendo o que é certo ou errado, enquanto vemos, com clareza, suas escolhas políticas nas urnas. Me poupem.
Repetindo: não sou jornalista, e nunca me passou pela cabeça ser. O que faço aqui são análises que só se tornam possíveis com bagagem real em matemática, finanças e economia. Um jornalista, por formação, não teria como assumir esse tipo de análise sem uma especialização sólida nesses campos. A formação em jornalismo é bem estruturada, sim, e competente, mas generalista. E justamente por isso é superficial em temas técnicos como os que abordo. Apenas aqueles que buscaram formação complementar em economia e finanças estão de fato mais preparados.
Hoje, dois dos mais capacitados com esse nível de profundidade, e que citarei mais de uma vez neste texto, são William Waack e Eduardo Oinegue, ambos geniais em suas análises econômicas e políticas.
Ah, e preciso dizer: muitos escolhem o jornalismo justamente para fugir de cursos que envolvam matemática de verdade, economia aplicada ou finanças sólidas. Há um afastamento claro, e muitas vezes assumido, desses campos mais exatos que tanta aversão despertam. Para complementar, estou na metade do curso de Psicologia, o que me traz uma bagagem humana ainda maior. Essa sensibilidade sempre existiu em mim, mas agora conta com respaldo técnico e teórico que só amplia minha capacidade de leitura do mundo.
O convidado acredita que a imprensa é de esquerda [00:04]. Ele também acredita que as pessoas ligaram as suas personalidades a coisas fora de si, o que as faz perder amigos [00:18].
Ele diz que costumava trabalhar com pessoas que tinham opiniões diferentes das dele e que gostava de aprender com elas [00:31].
Ele acredita que os brasileiros silenciosos determinarão o resultado da próxima eleição [02:14].
Ele acredita que a imprensa tem um viés de esquerda, o que criou uma crise de imagem para a imprensa [02:53].
Ele acha que as pessoas que insultam os eleitores de Bolsonaro estão a ajudá-lo a ser eleito [04:21].
Ele diz que não falava muito sobre política quando trabalhava na Globo [05:54].
Ele diz que não gosta da ginástica mental que as pessoas usam para justificar o injustificável [06:16].
Ele diz que acredita que os jornalistas devem tentar ser o mais imparciais possível [07:08].
Ele diz que não gosta do tom que alguns jornalistas usam, o que os faz soar como se fossem superiores [07:46].
Ele diz que o jornalismo deve ser sobre oferecer os factos e deixar as pessoas escolherem o que acreditam [09:30].
Ele diz que é difícil dizer a diferença entre uma notícia e um artigo de opinião [09:36].
Ele diz que há muitas camadas de pessoas que têm de aprovar uma história antes de ser publicada, o que pode dificultar a divulgação de uma história [11:12].
Ele diz que adora a Globo [12:34].
Ele diz que anulará o seu voto na próxima eleição [12:51].
Ele dá a sua opinião sobre alguns candidatos presidenciais [13:39].
A palavra "radical" continua sendo usada no Brasil com conotação negativa quando aplicada a Milei. Seguir a fórmula de sucesso do mundo ocidental parece ter virado pecado. O livre mercado e a busca por eficiência econômica incomodam os fãs locais do modelo venezuelano.
Macri, educado e civilizado, não teve coragem de romper com os vícios destrutivos da economia argentina. Já Milei foi radical, sim, mas radical contra a corrupção estatal, contra o desperdício e contra a ineficiência. Ser radical nesses pontos é, na verdade, algo positivo.
Antes de ser presidente, Milei era ridicularizado. Quando se elegeu, a ridicularização continuou. Quando suas medidas começaram a trazer resultados, esses efeitos foram minimizados nos comentários das TVs. E quando a Argentina, de fato, começou a apresentar um salto econômico, as notícias desapareceram, quase só se fala dele se for por alguma troca de farpas com sindicalistas ou declarações mais agressivas.
As notícias sobre a Argentina praticamente sumiram das grandes redes de TV no Brasil. Coincidência? Curioso lembrar que era um esporte nacional ridicularizar o "grotesco" candidato à presidência, que as TVs praticamente chamavam de louco. Ligava-se na tal emissora "News" e sempre havia um "jornalista" argentino ridicularizando Javier Milei com apoio de comentaristas que mal entendem de números e menos ainda de economia. Aliás, ser formado em economia, dependendo da ideologia dominante na faculdade, é o mesmo que nada, ou até pior, pois pode distorcer ainda mais a compreensão sobre o funcionamento real da economia.
O Brasil ainda dá pouco valor aos grandes analistas como William Waack (CNN Brasil), Eduardo Oinegue (Band Jornalismo) e o promissor Joel Pinheiro, que continua desenvolvendo boas análises mesmo dentro das limitações do veículo em que trabalha. Veja como estamos em tempos complicados: consigo montar um pódio com facilidade, mas tenho enorme dificuldade em apontar outros nomes.
A direita deveria focar na ética e no humano
A direita "conservadora" comete diversas tolices, como se apegar a causas menores e se perder em debates sobre direitos humanos, brigando contra a liberdade religiosa alheia, contra a liberdade sexual e contra a individualidade. Ser liberal, afinal, é defender justamente a liberdade de culto, de crença e de identidade. Quando a direita nega isso, cai num autoritarismo ridículo, semelhante aos de Stálin ou Mao Tsé-Tung, que ironicamente eram comunistas.
A esquerda deveria não ter ódio de "exatas"
O problema da esquerda, por sua vez, está na incapacidade de entender como uma economia saudável deve funcionar. Não critico o fato de apoiarem minorias vulneráveis, ainda que muitas vezes isso seja mais encenação que compromisso real. Mas o maior equívoco da esquerda é sua visão econômica, que frequentemente reproduz o chavismo, o modelo cubano ou soviético, responsáveis por levar os pobres à fome e ao caos. É uma obsessão por imprimir dinheiro como se isso criasse riqueza, uma ideia que, do ponto de vista físico, seria o equivalente a uma máquina de movimento perpétuo. Qualquer engenheiro mecânico, eletricista ou físico consegue provar de dezenas de formas que essa lógica não se sustenta.
Um grande Frankenstein ideológico
A direita no Brasil e no mundo, por sua vez, precisa parar de atacar LGBTs, negar o racismo, achar que sua religião é a única válida e desrespeitar todas as outras.
A esquerda precisa continuar defendendo os vulneráveis, mas sem hipocrisia, e, sobretudo, precisa aprender economia. Precisa perder o medo dos números e deixar de odiar a matemática. Só assim poderá evitar os erros econômicos históricos que arruinaram Argentina, Cuba e Venezuela.
De verdade, é cada vez mais difícil se identificar totalmente com um dos lados, especialmente no Brasil. No fim, ambos se organizam para manter seus seguidores como ovelhas cegas, financiando os privilégios dos caciques de cada espectro. Não existem apenas duas cores, há muitos tons. A direita do MBL, por exemplo, vive em conflito com outras vertentes da direita por denunciar políticos corruptos. E por isso, muitas vezes, é demonizada, não por suas ideias, mas por não se aliar aos "arrumadinhos", aos que vivem de acordos nada republicanos.
Comments