"Donos" de canal FM na RM de Natal desistem de implantar emissora
- Ricardo Gurgel

- 19 de mar.
- 2 min de leitura
Atualizado: 3 de mai.
O grupo paulista venceu a licitação para operar um canal FM na frequência de 88,5 MHz, com potência de 0,3 kW (300 watts), mas nunca iniciou a implantação da rádio.
Apesar da potência reduzida, o valor do arremate superou 1 milhão de reais, e isso em 2009! A frequência foi licitada para a cidade de São José de Mipibu, com a possibilidade de a torre de transmissão ser instalada praticamente na fronteira com Parnamirim.

Projeto de decreto com a vencedora para outorga do canal FM em 2016

E finalmente a desistência já no final de 2024

Na verdade, o canal não possui um "dono", mas sim uma autorização concedida pelo estado. No entanto, em geral, esse período tende a se tornar indefinido devido às prorrogações previstas por lei.
Os Caminhos da Desistência: Pontos Que Podiam Ter Sido Evitados
A inviabilidade do projeto era evidente desde o início, por vários motivos:
A vencedora ofereceu um preço de arremate desproporcional O valor ultrapassou 1 milhão de reais por um canal de apenas 300 watts — uma potência insuficiente para cidades verticalizadas. Isso implicaria dificuldades significativas de sinal em boa parte da capital. Para se ter uma ideia, considerando a inflação acumulada de cerca de 170% entre 2010 e 2024, esse valor corresponderia hoje a quase 3 milhões de reais.
A vencedora não possuía conhecimento da cultura e do mercado local Faço uma analogia com um corretor de imóveis que não considerou diversos fatores críticos em sua análise, como a localização, a vizinhança e o público-alvo, ao avaliar o valor de um imóvel. No que diz respeito à área de cobertura e ao mercado-alvo, ao que parece, a análise foi insuficiente para balizar uma proposta realista. Como resultado, a oferta se mostrou irreal. Outras concorrentes destacaram a discrepância entre os valores ofertados pela outorga. Vale lembrar que, além do valor da licitação, ainda seriam necessários recursos significativos para cobrir outros custos pesados, como a construção, a compra de equipamentos, a formação de equipes e a manutenção de uma estação de FM, entre outros.
A vencedora parecia contar com a hipótese de valorização do canal para futuras negociações Aparentemente, a estratégia era esperar por uma valorização do canal como última alternativa para justificar o investimento inicial.
É lamentável que um processo tão custoso tenha terminado, após uma década, sem resultados concretos. O único saldo foi o prejuízo para o "dial". Uma das concorrentes perdeu a chance de implementar um projeto viável, que provavelmente já estaria em operação hoje. Esse projeto poderia ter atendido a cidades como Parnamirim, São José de Mipibu, Nísia Floresta, Monte Alegre e Vera Cruz, visto que a cobertura de qualidade para Natal seria limitada. Além disso, havia a possibilidade de, a longo prazo, fazer um upgrade da licença para aumentar a potência e a cobertura em Natal.












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