Acidente com caminhonete pode impulsionar vendas do veículo
- Ricardo Gurgel

- 24 de mai.
- 2 min de leitura
Quando um modelo de avião sofre um acidente, a indústria entra em alerta. Passageiros informados sobre o modelo envolvido tendem a exigir voar em outra aeronave. Foi o que aconteceu com a série de acidentes envolvendo o Boeing 737 Max: houve uma verdadeira fuga em massa desse modelo. Só após mudanças técnicas, aplicação de multas e o cumprimento de exigências regulatórias é que os passageiros deixaram de perguntar às companhias qual avião iriam utilizar. Ou seja, acidentes sempre foram sinônimo de prejuízo para a marca.
Mas... e se um carro literalmente "voar" de tanto motor?
No caso do recente acidente com a Ford Ranger Raptor, ficou claro para o público que não houve falha mecânica nem problemas estruturais. Pelo contrário: a percepção popular foi a de que aquele motor é absurdamente potente. Ainda que sem qualquer comparação técnica válida, a imagem que ficou no imaginário do brasileiro foi: "Que caminhonete potente!", "Como a Raptor é forte!", "Carro voador!". E uma coisa é certa: se há algo que seduz o consumidor desse segmento, é potência e tração.
Não vejo outro desfecho possível: as vendas da Ranger Raptor devem aumentar. E dificilmente haveria campanha de marketing melhor que essa, por mais involuntária que tenha sido.
A Ford Ranger Raptor é projetada para uso off-road extremo, com motor V6 biturbo de 397 cv e suspensão reforçada
Se eu fosse a Ford...
Eu daria uma nova Ranger Raptor ao proprietário envolvido no acidente, ofereceria um curso de direção defensiva (incluindo técnicas de evasão em tentativas de sequestro), recolheria a caminhonete acidentada, restauraria completamente e a deixaria em exposição nas concessionárias como símbolo da força da marca.
80 metros?
A princípio, houve muita especulação — e muitos números exagerados para superestimar o “feito”. Chegou-se a dizer que a caminhonete teria percorrido 80 metros até a queda. No entanto, com o tempo e uma análise mais criteriosa da distância percorrida, estimou-se que a velocidade no momento do salto estava em torno de 80 km/h — um número impressionante, considerando que se trata de uma subida de duna, onde a tração e a gravidade trabalham contra o veículo.
Levando em conta o ângulo aproximado de “decolagem”, uma estimativa mais realista indica que a Ford Ranger Raptor percorreu cerca de 42 metros no ar — ainda assim, um feito impressionante.
Se a distância horizontal foi superestimada, o mesmo aconteceu com a altura. Muitos falaram em 10 metros de elevação, mas o mesmo princípio se aplica aqui: achômetro não é instrumento de medição. A altura real ficou próxima de 6 metros, considerando a distância das rodas ao solo no ponto de maior elevação.

Números realistas
~42 metros de distância horizontal
~6 metros de distância vertical (altura no ponto máximo)
~80 km/h de velocidade de "descolagem"

Essa postagem aborda um tema que não costumo tratar aqui, mas destaca a importância da matemática e da física para conectar o homem à realidade, em qualquer área. Falo muito sobre economia, especialmente a argentina, e também sobre padrões de transmissões digitais em rádio. Tudo isso, no fundo, se relaciona com números e itens de precisão, que são os maiores contribuintes para a compreensão de qualquer realidade, seja ela econômica, eletrônica ou mecânica












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