A Índia de olho na implantação do AM digital no Brasil via DRM?
- Ricardo Gurgel
- 22 de abr.
- 3 min de leitura
Atualizado: 3 de mai.
A Índia é, provavelmente, o melhor exemplo de bom uso da faixa AM para o rádio digital. Há poucos dias, provoquei esse debate em uma postagem sobre a vacância do espectro AM no Brasil, destacando a oportunidade de implantarmos um sistema digital sem traumas. Não precisamos trazer de volta nada analógico para essa faixa. Trata-se de um terreno limpo, pronto para o cultivo exclusivo de rádios digitais.
Notei um número expressivo de acessos da Índia à postagem que escrevi em inglês (link para o post), o que me surpreendeu, inclusive com visitas de apoiadores do consórcio DRM — um grupo voltado ao desenvolvimento do padrão digital Digital Radio Mondiale.

Vale esclarecer brevemente o que é o sistema DRM:
O DRM (Digital Radio Mondiale) é um conjunto de tecnologias de transmissão de áudio digital projetado para operar nas faixas atualmente usadas pelo rádio analógico — incluindo AM (ondas curtas, médias e longas) e FM (VHF). É um padrão aberto e não proprietário, ou seja, não pertence a nenhuma empresa específica e pode ser implementado por qualquer um. Mais adiante, trarei detalhes sobre a qualidade, as facilidades e os desafios desse sistema.
Voltando ao ponto central: os amigos da Índia chegaram ao blog e estão acompanhando cada nova observação que publico sobre nosso contexto como país — nosso perfil técnico para absorver esse salto de qualidade, nosso potencial econômico para gerar renda com uma nova indústria, e até mesmo as condições da nossa economia para suportar os altos custos da digitalização. Mas é bom lembrar: já passamos por isso com a transição da TV analógica para a digital — e ninguém sente falta dos chuviscos na tela.
A Índia é uma experiência viva de implantação em grande escala de rádio digital em um país imenso e populoso, mas ainda distante dos IDHs de nações como França ou EUA. Isso a torna ainda mais próxima da realidade brasileira. Seus desafios sociais se assemelham aos nossos, o que faz da Índia a melhor simulação prática de como seria a adoção do DRM por aqui. Seus acertos e erros já são capítulos valiosos de aprendizado — atalhos que podemos seguir, laços que podemos estreitar, e conhecimentos que podemos trocar.
A Índia é lar de cérebros brilhantes nas áreas de matemática, física e outras ciências de ponta. Inclusive, faz parte do seleto grupo de países com tecnologia espacial. São admiráveis — e, melhor ainda, não têm qualquer dificuldade de relacionamento com o Brasil. Estão prontos para uma parceria de ganhos mútuos.
Ao optarem pelo DRM, direcionaram sua indústria para a fabricação de equipamentos de transmissão e recepção compatíveis com esse padrão, o que pode nos ajudar muito. Podemos contar com a Índia para suprir, de forma relativamente rápida, nossa demanda inicial por equipamentos, tanto para radiodifusores quanto para ouvintes. Claro que, a médio e longo prazo, seria essencial que a indústria brasileira trocasse experiências, firmasse parcerias e desenvolvesse seu próprio parque tecnológico — não apenas para abastecer nosso mercado, mas também outros que venham a surgir.
A Índia é um país ávido por desenvolvimento tecnológico. Tem fome de novos mercados e, com certeza, está de olho no Brasil. Imagino que já estejam se preparando para novas demonstrações e para reacender o debate sobre o DRM por aqui — um debate que já existiu, avançou, mas não se concretizou. Agora, com a faixa AM livre, surgiu o principal fator de desimpedimento.
Principais características e vantagens do DRM:
Qualidade de áudio superior: Oferece qualidade de som, mesmo em ondas curtas e médias, sem ruídos e distorções.
Maior eficiência espectral: Permite a transmissão de até três sinais de áudio e dados em uma única frequência, otimizando o uso do espectro radioelétrico.
Serviços multimídia: Além do áudio, o DRM possibilita a transmissão de texto (notícias, informações sobre a programação), imagens, slideshows, informações de trânsito e alertas de emergência.
Sintonização por nome da estação: Os receptores DRM podem exibir o nome da estação, facilitando a sintonia.
Flexibilidade de cobertura: Adequado para emissoras de todos os portes, permitindo o uso eficiente das faixas de frequência mais adequadas para cada região.
Alertas de emergência: Possui um sistema integrado (ASA - Automatic Safety Alert) para o envio de alertas de emergência confiáveis, mesmo em situações de interrupção da internet ou redes móveis.
Potencial de receita: A capacidade de transmitir múltiplos serviços de áudio e dados na mesma frequência abre novas oportunidades de geração de receita para as emissoras.
Eficiência energética: Transmissores DRM podem consumir significativamente menos energia em comparação com transmissores FM analógicos.
Padrão global: É o único padrão digital global capaz de operar em todas as faixas de radiodifusão, tornando possível que a faixa FM se digitalizasse no futuro.
Será que estamos despertando o interesse pelo enorme potencial do mercado brasileiro, ainda inexplorado, no setor de rádio digital? Recebemos muitas visitas, incluindo de pessoas ligadas ao DRM. Não é à toa que surgem expectativas. Será que eles estão de olho?
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