top of page

O que transformou João Pessoa e a fez ultrapassar Natal foram as políticas de construção menos estranguladoras

Por mais de duas décadas, João Pessoa cresceu muito mais do que Natal e, sim, a qualidade de vida também avançou nesse processo. Esse fenômeno parece ser um desafio mental para quem não suporta ver pedreiros e serventes “com a mão na massa”. A verdade é que, quando a indústria da construção civil floresce, ela movimenta toda a economia local, beneficiando diretamente milhares de profissionais e gerando demanda em inúmeros setores.

Durante muitos anos, o plano diretor de João Pessoa foi significativamente mais flexível do que o de Natal. O resultado foi visível: mais construções, mais crescimento, mais geração de renda e, ainda assim, a capital paraibana continuou sendo uma cidade verde e com invejável qualidade de vida. Muitos natalenses, eu incluso, passaram a sentir vontade daquela “Jampa massa”: praias urbanas cheias de vida, calçadões movimentados por pessoas caminhando quilômetros sem a preocupação típica de outras cidades brasileiras.

O maior erro que João Pessoa pode cometer agora é alimentar ódio contra a indústria que trouxe tanto dinamismo econômico à cidade. João Pessoa não precisa, e nem deve, se transformar em uma Balneário Camboriú. Essa não é a sua vocação. Mas é fundamental lembrar: onde há emprego e renda, há uma indústria da construção forte. Nenhuma capital com mais de 400 mil habitantes sobreviveu cultivando ódio a ela. Cidades que sufocaram esse setor enfrentaram falências em diversos bairros. A construção civil distribui riqueza em uma escala que nenhuma outra indústria com chaminé e fumaça consegue igualar. Os empregos diretos e indiretos que ela gera e o efeito multiplicador na economia urbana são cruciais para a saúde financeira do município.


Muito mais fácil de fiscalizar

Muitos esquecem que cada novo prédio, além dos empregos gerados e dos impostos arrecadados durante sua construção, transforma-se, quando pronto, em uma verdadeira indústria sem chaminés. Trata-se de um organismo vivo, com funcionários entrando e saindo constantemente, com uma série de serviços sendo prestados internamente e com pessoas ali empregadas de forma contínua, tudo isso mantendo um fluxo permanente de tributos para o município e o estado.

Não estou dizendo que uma edificação não tenha impactos ambientais, mas ela concentra de forma muito mais eficiente o uso de recursos e facilita o controle desses impactos. Um prédio com 60 apartamentos, por exemplo, permite que os órgãos públicos fiscalizem com muito mais facilidade as instalações de água, esgoto, energia e gás do que 60 casas espalhadas, cada uma com sua própria fossa ou, muitas vezes, despejando dejetos em destinos desconhecidos.

Da mesma forma, é muito mais simples aplicar penalidades a um condomínio que não faça a gestão correta do lixo, que não dê o devido tratamento às águas pluviais ou que não mantenha em dia seu sistema de prevenção e combate a incêndio. Em resumo: uma edificação única com 300 moradores tende a poluir muito menos justamente porque seus sistemas são unificados, padronizados e passíveis de fiscalização eficiente, algo praticamente impossível de ser feito de forma individualizada em dezenas de residências dispersas.


O que aconteceu em Natal

Quem quiser aprender como sufocar a construção civil e, em consequência, decretar a falência de bairros inteiros, precisa apenas olhar para Natal. Diversas regiões da cidade pereceram em épocas em que era mais fácil deixar um prédio desabar do que promover sua reforma. Onde não há moradores, não há vida econômica. O bairro da Ribeira é hoje um dos maiores símbolos do colapso causado pelo excesso de restrições urbanísticas. Outro exemplo atual é Cidade Alta. Quem sente raiva dessa indústria pode experimentar conviver com bairros abandonados, onde o cheiro de cigarro pode parecer mais agradável que o do lixo acumulado nas ruas.

O plano diretor de Natal melhorou recentemente, e os resultados já começam a aparecer. Se o pêndulo econômico pudesse ser representado por uma alegoria, seria a própria história de Natal e João Pessoa. Durante cerca de 20 anos, leis que estrangularam o setor em Natal fizeram João Pessoa crescer. E talvez, no futuro, leis excessivamente restritivas em João Pessoa acabem impulsionando Natal por mais duas décadas. Uma ironia que só o tempo, e uma boca sábia poderá contar.

 
 
 

Comentários


image.png
autor2jpeg_edited_edited.jpg

Strategy Engineering

br.png
us.png
ar.png
grupo_edited.png
bottom of page