Eleições decisivas para Milei em Buenos Aires! Domingo, 18 de maio
- Ricardo Gurgel
- 14 de mai.
- 4 min de leitura
Neste domingo, 18 de maio de 2025, os eleitores da Cidade Autônoma de Buenos Aires (CABA) irão às urnas para renovar 30 das 60 cadeiras da legislatura local. A disputa ocorre em um contexto de alta polarização e fragmentação política, com candidaturas que vão do peronismo progressista à direita libertária, passando por centristas, socialistas e grupos independentes.
Meu nome é Ricardo Gurgel, engenheiro e apaixonado por finanças, seguidor da escola austríaca de economia. Desde o final de 2023, acompanho de perto a política e a economia argentina, diretamente do interior do Rio Grande do Norte. Tenho grande interesse na implementação de políticas econômicas na Argentina, que espero ver aplicadas no Brasil algum dia.
Milei, entre o simbólico e o estratégico
Essa escolha revela uma lógica política mais profunda: melhor enfrentar o inimigo ideológico direto do que dividir espaço com potenciais concorrentes dentro do mesmo campo. Estratégias como essa são difíceis de compreender num olhar superficial, mas fazem sentido dentro de um jogo de longo prazo, como numa sofisticada partida de xadrez.
O momento argentino é de virada. A crise pode, enfim, começar a se dissipar.
Pesquisas erraram para cima com a Esquerda e para baixo com a Direita
(A Argentina, o Brasil e os Estados Unidos são registros de tais coincidências!)
É inegável, com base em eleições passadas, que há discrepâncias entre as previsões das pesquisas e os resultados das urnas. Esses "erros" ocorreram anteriormente, o que não garante que se repetirão. Contudo, se o método de pesquisa não evoluiu para corrigir essa falha de leitura, é possível que o padrão persista.
Uma tendência importante a considerar é a dificuldade das pesquisas em diversos países para detectar os votos da direita. No Brasil e em eleições anteriores na Argentina, foi comum as pesquisas subestimarem os índices de votação da direita em comparação com os resultados reais das urnas. Assim, pesquisas que mostrem uma disputa acirrada entre Adorni e Santoro podem ser motivo de otimismo para Milei. Da mesma forma, uma aproximação entre Sílvia e Santoro poderia indicar uma vantagem para Sílvia. No Brasil, observa-se um padrão semelhante: as pesquisas tendem a superestimar os votos da esquerda e subestimar os da direita em relação aos resultados finais das urnas.

Principais tendências nas pesquisas
Leandro Santoro (peronismo progressista)
Pela primeira vez em duas décadas, o peronismo aparece liderando as intenções de voto na capital argentina. Santoro, deputado nacional e ex-radical, surge com até 25% das preferências, em algumas pesquisas, até mais, impulsionado pela divisão entre os candidatos de direita. A fragmentação entre Manuel Adorni e Silvia Lospennato tem favorecido essa liderança.
A dificuldade de Javier Milei em formar alianças estáveis com o partido de Mauricio Macri gera perdas concretas. Ao insistir em ser o único símbolo do antiperonismo, Milei corre o risco de enfraquecer a direita como um todo. Ainda assim, se conseguir que Adorni vença em meio a esse cenário, poderá consolidar-se como o principal polo anti-K do país. Uma aposta arriscada, mas que pode trazer alto retorno político.
Manuel Adorni (La Libertad Avanza - Milei)
Porta-voz presidencial e rosto visível da nova direita libertária, Adorni enfrenta uma queda de apoio, especialmente entre os mais velhos e nos arredores da capital. Ainda assim, a La Libertad Avanza se mantém como a força mais votada nacionalmente, com cerca de 27% das intenções.
Coincidência ou não, justamente nesta semana o governo anunciou a redução a zero das tarifas de importação sobre celulares, além de cortes de impostos para produtos fabricados localmente. Essas medidas ecoam diretamente o discurso de Milei contra o protecionismo, algo que não trouxe ganhos concretos para a Argentina, apenas preços altos e produtos de qualidade inferior. Adorni tenta surfar nessa agenda liberal até o último momento.
Silvia Lospennato (PRO)
A deputada nacional e candidata do partido de Mauricio Macri viu sua campanha perder força com a recusa de uma aliança com os libertários. A direita dividida sofre. No entanto, ela ganhou tração nos últimos dias ao defender a chamada "lei da ficha limpa", inspirada no modelo brasileiro, que foi rejeitada por apenas um voto.
Lospennato acusou Milei de ter sabotado a proposta, uma contradição, já que a aprovação da lei afastaria muitos adversários corruptos e beneficiaria o próprio Milei. Talvez, como em certos roteiros políticos que já vimos no Brasil, seja mais vantajoso para Milei enfrentar um oponente peronista forte do que ver um aliado de Macri avançar. Estratégia? Racionalidade eleitoral? Ou apenas mais um capítulo do xadrez político argentino?
Horacio Rodríguez Larreta (Volvamos Buenos Aires)
Ex-prefeito da cidade e dissidente do PRO, Larreta fundou sua própria coalizão buscando os eleitores moderados. Sua postura, no entanto, tem gerado especulações sobre uma possível aproximação com setores ligados ao kirchnerismo — algo que causa desconforto nos antigos aliados da direita tradicional.
Ramiro Marra
Destaco agora Ramiro Marra, que registra cerca de 4% nas pesquisas. Com sangue libertário, Marra mantém a linha ideológica de Milei, mesmo após ter sido afastado do governo que ajudou a eleger — um erro, na minha visão. Se Marra se reaproximasse de Milei, poderia transferir boa parte de seus 4% para Adorni, colocando-o muito próximo da vitória. Milei é extremamente inteligente, mas sua sensibilidade a contrariedades tem adiado conquistas importantes. Maior paciência e controle de sua irritabilidade poderiam ter garantido avanços significativos. O libertarianismo exige tolerância interpessoal, um passo que ainda esperamos ver.
O resto
Não vou detalhar os demais candidatos, que são irrelevantes em números ou conteúdo, muitas vezes em ambos. Foco nos 20% dos esforços que geram 80% dos resultados: os jogadores que realmente movem o jogo e impactam.
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