Bitcoin se valoriza passando por cima de governos atrapalhados, mas continua arriscado e recomendá-lo é irresponsável
- Ricardo Gurgel
- 7 de mai.
- 2 min de leitura
Vivemos tempos estranhos. Quando os presidentes mais poderosos do planeta parecem brincar com o mercado como se estivessem em um cassino, mexendo nos preços com base em impulsos e conveniências pessoais, é sinal de que há algo muito errado. Essa “brincadeira” até pode funcionar por um tempo, mas tem prazo de validade, especialmente se não houver estratégia, só instinto.
A lógica de que o raro vale mais que o abundante existe desde antes do ser humano povoar a Terra. Hoje, assistimos mais um capítulo de incertezas vindas dos Estados Unidos. Foram pouco mais de 100 dias de Donald Trump no poder e já se sente um abalo na fé global no dólar, algo impensável há pouco tempo.
O mercado reagiu com euforia à vitória de Trump. As bolsas americanas surfaram essa onda até o fim de 2024. Mas o novo presidente resolveu adotar práticas protecionistas ao estilo brasileiro, lançar medidas contraditórias, dizer uma coisa de manhã e desmentir à noite. Em muitos momentos, parecia que ele estava lendo manuais econômicos de governos fracassados ou assistindo vídeos do Maduro no YouTube. Seu estilo envenena o capitalismo americano e cria incerteza até entre os aliados.
O dólar perde brilho e o Bitcoin sobe
Hoje, falta coragem para apostar no dólar como antes. Ele deixou de ser o porto seguro inquestionável. Isso arrastou outras moedas junto, inclusive o Bitcoin, que por um tempo afundava mais rápido que o dólar, mostrando sua conhecida volatilidade. Parecia que o Bitcoin era sugado pela mesma gravidade que puxava o valor do dólar para baixo.
Mas algo mudou.

Os mercados de troca começaram a resistir a perdas excessivas com o Bitcoin. A moeda digital parou de cair mais do que outras moedas “oficiais”, que viraram brinquedos especulativos. Sim, o mercado sempre brincou com altcoins, mas agora parou de rir. As brincadeiras de Trump com a economia americana começaram a afetar o dólar diretamente e o Bitcoin passou a se descolar, ensaiando uma retomada de valorização.
Ainda há grandes players tentando manipular o mercado, e o Bitcoin não está imune a isso. Mas sua descentralização começou a reagir, a se “rebelar”. O caminho é incerto. A alta recente parece uma resposta às loucuras da política econômica americana. Embora algumas decisões de Trump tenham favorecido o Bitcoin, muitas outras causaram efeitos colaterais negativos.
E agora?
Com a economia americana em crise de credibilidade, para onde olhar? Os outros países têm economias frágeis ou líderes tão perdidos quanto. Alguns, os dois. E aí, o Bitcoin surge como opção quase inevitável, uma moeda fora do controle desses governos instáveis.
Mas atenção: não recomendo compra ou venda de Bitcoin. De jeito nenhum.
A bagunça política e econômica pode nos empurrar para moedas descentralizadas. Mas isso não significa que seja um bom investimento. O risco é imenso. Quem comprar hoje pode sofrer perdas brutais.
Falo com seriedade: minha exposição ao Bitcoin é mínima. Perder tudo o que investi não me causaria prejuízo tão doloroso. Não há como ter fé cega em nenhum ativo. Todo mercado é, em maior ou menor grau, um terreno de especulação.
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