Audiência do almoço: Jovem Pan x CBN
- Ricardo Gurgel

- 22 de set.
- 2 min de leitura


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Mesmo sem ter comparativos oficiais entre rádios de alcance nacional como Jovem Pan e CBN, basta observar o YouTube: se uma tem 100 vezes mais audiência que a outra ali, é difícil acreditar que no rádio essa relação se inverta, a ponto de a CBN superar a Jovem Pan. Mais ainda: faz sentido imaginar que uma diferença de 100 vezes no YouTube se traduza em apenas 10% ou 20% a mais de ouvintes no rádio? Ou pior: que pesquisas apontem a CBN à frente? É no mínimo motivo para levantar a sobrancelha.
Nem mesmo diante de outras rádios locais com programação jornalística no mesmo horário a CBN tem se mostrado competitiva. Seus números de audiência em tempo real, quando observamos a plataforma YouTube, revelam isso com clareza, e o diferencial está justamente no fato de que a plataforma nos entrega dados objetivos, sem a necessidade de passarem por mãos humanas contratadas e suas “ponderações”.
Não adianta apresentar números de pesquisas de rádio que tratam de situações que sempre questionamos. Não coloco em dúvida a índole das pesquisas, mas sim sua eficácia. Não é de hoje que se pergunta em entrevistas: “Que rádio você ouve? Em qual horário? Em que dias da semana? Qual a cor da meia do seu locutor?”. Claro, as questões são baseadas em estudos e, muitas vezes, bem formuladas. Mas não há como negar que o método está sujeito a inúmeros fatores de distorção, muitos deles involuntários por parte dos entrevistados. Pessoalmente, não considero esse tipo de dado muito confiável; é uma visão particular minha.
Existem, porém, formas periféricas de medir audiência que oferecem muito mais precisão quantitativa. Os painéis de streaming são um exemplo claro. Não se trata sequer de pesquisa: é medição em tempo real da audiência instantânea. Não há dúvidas se havia “cerca de 10 mil ou 50 mil pessoas” às 10h53 de uma quarta-feira. O que temos é dado exato: “18.578 IPs estavam conectados ao programa às 10h53, e às 10h59 já eram 19.051”. Isso é um termômetro direto, e não uma estimativa vaga sem instrumentos de aferição. Nos streamings de áudio e vídeo, como no YouTube, os números são verdades cruas.
Com todas as ponderações, descontos e “ses”, não há coeficiente de redução que me faça acreditar que a CBN chegue sequer perto da Jovem Pan, pelo menos no recorte dos jornais entre meio-dia e duas da tarde. A diferença é de praticamente 100 vezes em audiência. Esse fenômeno reflete a mesma lógica de público que acompanha redes como a Mitre, em Buenos Aires, ou a Fox News, nos Estados Unidos. Tenho muitas reservas quanto à Fox: o fator “paixão” muitas vezes pesa demais, o que a torna um modelo que não adotaria. Mas é inegável que, no caso da Rádio Mitre, existe um equilíbrio mais consistente: ela se alinha ao perfil liberal do público, mas sem ocultar falhas ou transformar políticos em deuses.










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