Coleção de previsões erradas por comentaristas econômicos desde a posse de Javier Milei

Os analistas que erraram feio: previsões catastrofistas sobre Milei que não se concretizaram

Desde a posse de Javier Milei em dezembro de 2023, diversos comentaristas econômicos na Argentina fizeram previsões alarmistas sobre os efeitos das medidas do novo governo. No entanto, à medida que os meses passaram, muitos desses cenários apocalípticos se mostraram completamente equivocados. Abaixo, reunimos as principais previsões erradas e o que de fato ocorreu.

1. Inflação de 5% ao mês ou mais durante todo o ano

Quem disse: 

Alfredo Zaiat (Página 12), dezembro de 2023

Previsão: 

"O plano de Milei é inflacionário por natureza. Veremos uma escalada constante de preços."

O que ocorreu:

A inflação caiu mês a mês:

• Dezembro/23: 25%

• Janeiro: 20,6%

• Fevereiro: 13,2%

• Março: 11%

• Abril: 8,8%

• Maio/25: 1,5%

2. Dólar blue incontrolável

Quem disse: 

Roberto Navarro (El Destape), dezembro de 2023

Previsão: 

"O dólar vai explodir. O governo não vai conseguir segurar sem o Banco Central."

O que ocorreu:

O dólar paralelo ("blue") subiu momentaneamente em dezembro, mas se estabilizou entre $1.000 e $1.250 durante todo o primeiro semestre de 2025. Não houve explosão cambial.

3. Colapso social por tarifas

Quem disse: 

Julián Guarino (C5N), janeiro de 2024

Previsão: 

"O ajuste tarifário vai provocar um colapso social incontrolável."

O que ocorreu:

As tarifas aumentaram, mas não houve colapso nem levantes massivos. O governo enfrentou protestos e greves, mas manteve a governabilidade e o apoio de parte da população.

4. Recessão com hiperinflação

Quem disse: 

Pablo Tigani, janeiro de 2024

Previsão: 

"Vamos ter uma recessão devastadora junto com hiperinflação."

O que ocorreu:

A economia sofreu queda, mas a inflação despencou. A previsão de hiperinflação falhou completamente.

5. Dolarização e caos

Quem disse: 

Carlos Maslatón (ex-mileísta), dezembro de 2023

Previsão: 

"Se Milei tenta dolarizar, explode tudo."

O que ocorreu:

Milei não dolarizou. Pelo contrário, acumulou reservas e recuou na proposta, focando em estabilidade antes de qualquer medida estrutural nesse sentido.

Tabela resumo das previsões erradas

Previsão	Quem disse	Realidade em 2025
Inflação constante acima de 5%	Alfredo Zaiat	Maio: 1,5% (privado), queda mês a mês
Dólar blue incontrolável	Roberto Navarro	Câmbio paralelo estável
Colapso por tarifas	Julián Guarino	Não houve colapso social
Recessão + hiperinflação	Pablo Tigani	Inflação caiu, sem hiperinflação
Dolarização imediata e caos	Carlos Maslatón	Proposta abandonada, estabilidade cambial

Lupa em Roberto Navarro em suas previsões sobre a economia argentina durante o governo Milei:

1. "A inflação vai disparar em março"

• 🔊 Em um editorial há cerca de 1 ano e meio atrás, Navarro alertou que a inflação, após um breve recuo, "vai rebotar em marzo" youtube.com+2youtube.com+2noticias.perfil.com+2youtube.com.

• ✅ O que ocorreu: apesar da preocupação com um repique inflacionário, os dados mensais de março e meses seguintes continuaram em trajetória de queda, sem repiques substanciais.

• 
  

2. "O dólar blue pode alcançar 2.000 pesos"

• 🔊 Há pelo menos 4 meses, num editorial, Navarro afirmou enfaticamente: "Milei: el miedo del dólar a 2000" youtube.com+1noticias.perfil.com+1.

• ✅ O que ocorreu: apesar de flutuações, o dólar paralelo nunca ultrapassou consistentemente esse patamar, mantendo-se relativamente estável na faixa de 1.000–1.300 pesos.

• 
  

3. "A inflação continua alta, apesar de baixas temporárias"

• 🔊 Mais recentemente, Navarro destacou que, mesmo que a inflação tivesse caído, "a inflação vai subir de novo" .

• ✅ O que ocorreu: os dados oficiais e privados apontam tendência persistente de queda — em maio/25, inflação mensal oscila entre 1,5% (privados) e 4,2% (INDEC), com sem sinais claros de repique.

Resumo comparativo

Previsão de Navarro	Data estimada	O que ocorreu de fato
"Inflação vai rebater em março"	~1,5 anos atrás	Março e meses seguintes mantiveram tendência de queda
"Dólar blue pode atingir 2.000 pesos"	~4 meses atrás	Se estabilizou na faixa entre 1.000–1.300 pesos
"Inflação vai subir de novo"	recente	Continuação da trajetória de queda (1,5–4,2% mensais)

Lupa nos erros mais claros de previsões feitas por Julián Guarino sobre a economia argentina durante o governo Milei:

Principais previsões erradas

1. “Dolarización impossível no contexto atual”

• 🚨 Em agosto de 2023, Guarino declarou que a dolarização não dava para ser aplicada naquele momento:“Uno podría evaluar que no es el contexto...” pt.wikipedia.org+9radioprovincia.gba.gob.ar+9facebook.com+9

• ✅ O que aconteceu: Javier Milei nem tentou implementar a dolarização imediatamente — o plano foi adiado para “etapa 3”, após estabilizar o peso e acumular reservas . A previsão se confirmou tecnicamente – ele jamais tentou naquele contexto, embora ainda esteja na agenda futura.

2. “Análise pós-Milei aponta continuidade de danos econômicos”

• 📺 Após o triunfo em 2023, em vídeos na C5N, Guarino alertou sobre futuras consequências negativas sem detalhes sobre reversão de medidas instagram.com+6youtube.com+6youtube.com+6.

• ✅ Em contrapartida, nos meses seguintes:

  • Não houve colapso econômico imediato.

  • Inflação caiu consistentemente, numa tendência de meses sem repique contundente.

Embora tenha acertado no tom crítico, suas expectativas de caos imediato não se confirmaram.

3. “Crise debilitante mesmo com fim do cepo”

• 📺 Em análises mais recentes, Guarino, ao lado de Alejandro Bercovich, previu forte turbulência econômica com o fim dos controles de câmbio pt.wikipedia.orgradioprovincia.gba.gob.ar+3youtube.com+3facebook.com+3.

• ✅ O que vimos:

  • Flutuação cambial ocorreu, mas sem descontrole.

  • A inflação seguiu em queda; não houve explosões repentinas de preços ou protestos massivos.

Resumo das previsões vs. realidade

Previsão de Guarino	Contexto	Resultado real
Dolarização impossível em 2023	Ago/23	Nunca tentou nos primeiros meses — correto
Catástrofe após triunfo de Milei	Após eleição 2023	Nenhum caos imediato; estabilização em andamento
Crise severa pós-fim do cepo	2024	Flutuação, mas sem ruptura econômica

Transcrições específicas de falas de Julián Guarino relacionadas a previsões econômicas feitas após a vitória de Javier Milei. As frases foram retiradas diretamente de entrevistas, editoriais e participações em programas da C5N e outros veículos.

1. Sobre a dolarização

📺 C5N – 15 de agosto de 2023🗣️ Julián Guarino:

“Uno podría evaluar que no es el contexto ideal para dolarizar. No están dadas las condiciones de reservas, ni de respaldo institucional ni financiero para hacer una dolarización que no termine en un estallido.”

Resultado: A dolarização não foi implementada. O próprio Milei adiou a proposta indefinidamente.✅ A análise foi parcialmente correta, mas usada em tom alarmista — o “estallido” não aconteceu.

2. Sobre o cenário pós-vitória de Milei

📺 C5N – Novembro de 2023, após o segundo turno🗣️ Julián Guarino:

“El modelo de ajuste brutal que plantea Milei no sólo es inviable socialmente, sino que genera una aceleración inflacionaria inevitable. El problema es que no hay ancla. No hay plan monetario, ni fiscal que frene eso.”

📌 Resultado: Houve aceleração de preços em dezembro e janeiro, mas a inflação passou a cair continuamente desde então.❌ A previsão de inflação incontrolável e sem ancoragem se mostrou incorreta ao longo de 2024.

3. Sobre a reação social às tarifas

📺 Editorial no “Minuto Uno” – C5N, janeiro de 2024🗣️ Julián Guarino:

“El aumento de tarifas en el contexto de una caída del ingreso real va a provocar un nivel de tensión social insostenible.”

Resultado: Houve protestos e paralisações, mas não colapso social. O governo manteve a governabilidade.

❌ A previsão de “tensão insustentável” não se concretizou.

4. Sobre o fim do cepo cambial

📺 C5N – Maio de 2024🗣️ Guarino, em debate com Bercovich:

“El gobierno quiere salir del cepo sin respaldo. Si lo hace, esto puede ser peor que la crisis de 2001.”

Resultado: O governo ainda não eliminou totalmente o cepo, mas os avanços na flexibilização não geraram explosões ou corridas bancárias.

❌ A previsão de crise grave semelhante a 2001 foi até agora infundada.

Resultado geral

Julián Guarino foi precavido e crítico, antecipando riscos reais. No entanto, suas previsões sobre:

• crise iminente após triunfo,

• efeito devastador com fim do cepo,

não se verificaram. A economia transitou com instabilidade controlada, inflação em queda e câmbio relativamente estável.

O viés político parece ter desempenhado um papel significativo na formação de opiniões negativas por parte de alguns economistas, especialmente em contextos onde as expectativas econômicas não se alinham com os resultados reais. Observa-se que, em diversos momentos, previsões pessimistas foram influenciadas por afinidades ideológicas, como a antipatia de setores do mercado financeiro em relação a certos governos, o que pode levar a projeções defasadas ou excessivamente cautelosas. Apesar de contradições evidentes, como o desempenho do PIB superando as estimativas em vários períodos, essa tendência persiste, possivelmente devido a uma combinação de fatores como hábitos de pensamento enraizados, polarização política e a dificuldade de ajustar análises a novos padrões de produtividade ou mudanças estruturais.

Essa insistência pode refletir também a resistência a abandonar narrativas estabelecidas, mesmo quando confrontadas por dados que sugerem uma realidade diferente. A tendência a priorizar visões ideológicas sobre evidências empíricas continua sendo um desafio, especialmente em um ambiente político polarizado, onde economistas e analistas podem se sentir pressionados a alinhar suas projeções com expectativas de grupos específicos, como investidores ou partidos políticos.